sábado, 15 de agosto de 2009

Luminosidade opaca que me habituei a tomar como certa e que sempre me untou a alma de uma angústia sem razão.
Creio que nunca abandonei de fato a falta de coragem que me persegue desde pequena, que me encurrala no medo diário de me procurar, de atingir aquilo a que devia ter aspirado, a metamorfose final em mulher, o ponto de chegada do ciclo de eterna gestação em que me arrasto.
Nunca tinha me visto sem máscara como agora, onde está a minha ironia, o meu escárnio, a minha força inabalável?
[senti uma súbita auto-piedade e detestei-me por isso]
Sou afinal tão igual, tão igual a toda a gente, que me dói sem que saibam suspeitar-me assim indefesa, assim humana, que me magoa sem que eu demonstre, descobrir-me tão à sua medida agora que tenho de partir, que uma vez mais tenho de partir..

terça-feira, 11 de agosto de 2009


"Alguém que tenha sobrevivido a duas ou três gerações encontra-se na mesma dis­posição de espírito que um espectador que, sentado numa barraca de saltimbancos na feira, vê as mesmas farsas repetidas duas ou três vezes sem interrupção: é que as coi­sas estavam calculadas para uma única re­presentação e já não fazem nenhum efeito, uma vez dissipadas a ilusão e a novidade." (Schopenhauer - Dores do Mundo)

sábado, 1 de agosto de 2009

- Quando foi que se apegou tão fortemente às tais condições objetivas? Ora, procuremos algo de sensato dentro dessa infinda insensatez. Como podes? É improvável que consiga exito dentro desse paradoxo... tentas ser um louco consciente e controlador da própria loucura?
Esse discurso pautado nas "condições objetivas" é para os que estão em pleno estado de sanidade, e o simples fato de eu ser o seu interlocutor nesse momento já o liberta das responsabilidades para com esses parâmetros.
Permanecerás grávida de um futuro que não se atreveu a arriscar por conta das ditas "condições objetivas", com a insatisfação de relembrar um passado de dias abortados? Esse caminho que vos obriga a seguir, e que tens caminhado penosamente por ele, unicamente será capaz de levar-lhe para um estado de constante e imparável multiplicação de uma solidão sem remédio. Se persiste em provocar arranhões nesse 'tipo ideal' que tens seguido, torturantemente, por que não quebras de uma só vez?

domingo, 19 de julho de 2009

Oh, que esta carne tão, tão maculada, derretesse,
Explodisse e se evaporasse em neblina!
Oh, se o Todo-Poderoso não tivesse gravado
Um mandamento contra os que se suicidam.
Ó Deus, ó Deus! Como são enfadonhas, azedas ou rançosas,
Todas as práticas do mundo!
O tédio, ó nojo! Isto é um jardim abandonado,
Cheio de ervas daninhas,
Invadido só pelo veneno e o espinho –
Um quintal de aberrações da natureza.


(Hamlet, Shakespeare)

terça-feira, 14 de julho de 2009



[Quis implorar por mais uma dose daquela loucura, mas não adiantaria... nada seria capaz de me possibilitar tal delírio].

terça-feira, 7 de julho de 2009

[crise]
[caos generalizado]
Tédio incomodativo;
Seres incomodativos;
[caos generalizado]
Extremo desagrado;
Pleno descontentamento;
[crise]
Fuga;
Grades;
I-M-P-O-S-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E
Total ausência de estímulo;
Excesso e Falta conjugados;
I-N-C-O-M-P-R-E-E-N-S-Ã-O
Péssimo posicionamento;
Desconhecimento;
Ignorância;
[caos generalizado]
PERIGO!
Manifestações inquestionáveis;
[crise...
Ainda cíclica?
Finda?
Enfim a Infinda?
Algo de Infindo?]
AQUI JAZ!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo o tempo todo

E quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- Que a vida continua e se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano era ficarmos bem?

O problema reside no fato de eu ser o "vôcê", e tendo "você" partido, o que foi essa coisa que ficou?

Extinguindo-se as sentimentaloidices torna-se mais complexo explicar uma dor, poucos compreendem esse sofrimento que transcende.... [Eu compreendo?]

Eih, olha só o que eu achei : cavalos-marinhos ...
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora ...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

De subito, certo pânico impera, e eis que surge uma série de indagações, dentre tantas há aquela que sempre consegue destaque, gritante, desesperada, o velho queixume intensificado. Do lamento ao verdadeiro surto, acordando a inquietude que havia dado trégua. É decretado o fim da mornidão, acrescentado subsídios desconhecidos para garantia da consistência de sua pasta espiritual.
Insistentemente perguntava-se, querendo saber a todo custo, sem se importar com o quão dolorida poderia ser a resposta: Em qual parte do percurso haveria dormido?
Em meio as interrogações, apenas uma afirmação fazia-se inquestionável: Os elementos estavam no mais absoluto desalinho.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Mamãe há pouco bateu na porta, depois abriu e perguntou se eu estava bem. Achei engraçado. “Eu nunca estou bem” tive vontade de responder. Ou então: “O que é estar bem?” Preferi dizer que sim: "Sim, mamãe, estou bem".
C. F. A.

terça-feira, 23 de junho de 2009

[fadada ao clichê]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Eu necessitava daquelas palavras da mesma forma que necessitava de oxigênio, ambos disputavam o primeiro lugar na hierarquia das coisas indispensáveis, mas havia certo equilíbrio quanto à perturbação que me causava a ânsia por eles.
Primeiramente, a vida não me agradava, eu não havia conseguido apreender o sentido que fazia as pessoas darem continuidade a vossas existências, desse modo, o não respirar me salvaria do mais profundo desalento, porém, a constatação desse fato não diminuía o desespero frente a qualquer possibilidade de asfixia, contradição irremediável, como se houvesse um duelo entre a minha mente e as minhas funções vitais, contudo, meus pensamentos considerados adoecidos nunca predominavam frente à necessidade de continuidade do meu corpo.
Dessa mesma maneira incompreensível, havia aquela profunda necessidade pela junção que se podia fazer daquelas palavras, ao vê-las sentia a mais sincera necessidade de enquadrar-me nelas, dar a minha pequenez um pouco daquele brilho, que para muitos aparentava a mais profunda opacidade, mas que reluziam frente aos meus olhos, como se aquelas explanações exageradas acerca da mediocridade, ou apenas providas dela, acabassem por abrandá-la, como se fosse possível proporcionarem a produção de anticorpos contra as sentimentaloidices mal fundamentadas daqueles que pensam me ludibriar.

O descontentamento sempre aparenta a mais clara limpidez, desprovido de recursos enganadores, amanhece o dia com promessas de verdades absolutas, não causa estranhamentos e nem proporciona subsídios para o auto-engano, não promove a inveja, não desperta a luxúria, traz consigo certa santidade, uma estado de permanência, sem grandes oscilações, não surpreende com nada inesperado, como se fosse um fim inevitável no qual chegariam todos, um porto, parada obrigatória, todos estariam predestinados há conhecê-lo, em todas as direções e independente do percurso, lá estaria ele representado pela vossa santidade: A Infelicidade! Pronta para agarrar com seus braços frios, e assoprar nas faces seu hálito petrificante. E de tão coerente que se faz, tão condizente com todos os tipos de evidencias, tão longe de qualquer equivoco, provoca entregas irrelutantes.
A felicidade assemelha-se a uma meretriz, uma farsante, seus atributos parecem provir de artifícios superficiais, não suportando analises aprofundadas, uma embriagues que certamente se cura ao amanhecer, trazendo a ressaca moral revestida do mais desesperado arrependimento.
Uma elevação onde a queda faz-se inevitável; como se a insatisfação, ou qualquer outro estado tão lamentável quanto, provido dos mesmos requintes de crueldade, proporcionasse uma certeza de se estar com os pés firmados no chão, na mais profunda lucidez e com os pensamentos regidos pela mais sensata racionalidade.
A felicidade soa como uma espécie de traição; a presença dos rompantes de contentamento transmite a impressão de erro, falha no senso de responsabilidade, anunciação de um mal maior que os anteriores, um inquestionável equivoco, sensação de se estar caminhando com um sapato números menores que o necessário para o tamanho dos pés, uma ousadia irresponsável e sempre inoportuna.
A infelicidade consegue ser algo tão predominante ao ponto da felicidade aludir certo desvio no percurso existencial.

sábado, 23 de maio de 2009

Há uma espécie de pessoa que surge apenas de forma inesperada, súbita e intensamente, nunca estão entre aqueles que nos cercam. Não são passiveis de serem categorizadas, os conceitos fogem quando se trata de tais seres. Quando você nota, eis que lá estão! Por mais que digam o caminho que trilharam até chegar nesse ponto onde você também se encontra, ainda assim, fica certa impressão de falta de sentido no que tange tal aparição, surgem envoltos em um ar nonsense, trazem consigo um aparato existencial inconfundível, no sentido de serem exatamente correspondentes as suas idealizações, no semblante feições acolhedoras para serem eternamente contempladas, não exigem que se selecionem virtudes em meio a suas falas, conseguem ser impressionantes até mesmo nos suspiros, como se tivessem preparado minuciosamente as palavras a serem proferidas, porém, exigem respostas e decisões rápidas, a coexistência com eles não permite erros durante o processo, nunca há tempo para falhas, mesmo as mais ínfimas, aquelas que na vida cotidiana se dissolvem em meio a tantos outros fatos corriqueiros, qualquer deslize os leva para distancias as quais os olhos nunca alcançariam, fútil olhar mais uma vez. Surgem para deixar aquele gosto doce na boca de que idealizações podem sim encontrar objetos correspondente, surgem como a própria personificação das idealizações, para provar que nunca se está realmente preparado para os mais intensos desejos... E se vão, consolidando frustrações eternas.

sábado, 16 de maio de 2009

Havia todos os motivos possíveis e prováveis para adentrar em um estado de angústia generalizada. Ela estava sozinha, sem pretensões que pudesse lhe causar interesses, não havia possibilidades que despertasse seu entusiasmo, porém, de forma incompreensível dentro de si havia aquele sentimento de paz medíocre, infundada, sem grandes motivações, era apenas uma recusa ao sofrer, sentido esse que de tanto se fazer presente em seu percurso imaginava ela já estar controlado, sofreria quando imaginar ser conveniente.
Sim, até o sofrimento exige certa coerência, um contexto determinado, simplesmente sofrer, despretensiosamente seria um despropósito, e viver já era o despropósito mais significativo que ela carregava consigo, tolo seria se firmar em novos desalentos, a não ser que as motivações e os estímulos fossem de dimensão superior as suas defesas.
Chovia, no momento mais impróprio, não havia fuga, aquilo que mais lhe agradava na natureza havia acontecido em um momento inoportuno. Nada possibilitava que ela se escondesse, a necessidade de proteção a direcionava sem muitas escolhas para entre os mortais, meros mortais, que ali se faziam presentes. Todos com seus motivos que consideravam digno, essa falsa dignidade que nos move e nos expõe as situações indesejadas.
Não fora suficientemente feliz na arte de ficar alheia aos seres que a cercava, com aquela espécie de paranóia neurótica que a acompanhou durante todo o seu percurso existencial, imaginava estar sendo observada, tinha medo que seus pensamentos reluzissem, tomassem forma, se personificassem com o intuito apenas de expô-la ao ridículo... Aquilo que ela mais temia: o ridículo, não pelo ridículo em si, mas sim pela atenção que o mundo voltava ao ridículo, pela exposição que ele proporcionava, ela nunca estaria preparada para controlar suas indagações perante uma quantidade maior do que o esperado de olhos voltados para ela, enlouqueceria, instantaneamente. E era exatamente isso que ela pensava que a chuva causaria, nesse ambiente tão despreparado para tal fenômeno. A quantidade limitada de pessoas e de estímulos visuais faria com que qualquer movimento fosse perceptível. Supunha até estar bem localizada, nessa espécie de dialogo interior que executava para que a insanidade não tomasse conta da ínfima parte sadia de si que ainda restava.
O medo que superava todos os outros, mas que não lhe causava sofrimento, era o da loucura, sentia-se apta a ocupar o lugar dos loucos no mundo, pensava até possuir traços marcantes do estereotipo destes.
Ela carregava nos olhos um misto de força e de fraqueza, diferente dos outros, sentia na expressão dos que a observava existindo, certa perplexidade. Isso que se mesclava dentro dela estava longe de qualquer espécie de mediania, eram extremos, oscilações constantes, diferente de qualquer bipolaridade, pensava ela ter certo controle sobre seu mundo interior que desconhecia. Havia uma fera coberta pelo seu semblante composto de segurança, doçura e a mais fina ironia. Fera esta que ela domava com pequenos agrados, carícias, elogios, facilmente influenciável, mas que necessitava de atenção constante. Incansável, exigia um trabalho diário, era preciso dispor de tempo e de paciência, tudo isso em prol da sua sanidade, e do bom andamento de tudo aquilo que compunha seu "mundo exterior". E era justamente por isso que ela temia tanto enlouquecer, não era possível avistar por quanto tempo seria viável negar seus instintos mais sinceros, seu desejo de nada, sua vontade incontrolável de sentar em uma poltrona macia e deixar o mundo seguir sem sua interferência. Longe de qualquer desejo de morte, ela queria ser apenas expectadora, a vida não lhe interessava o suficiente para haver vontade de coexistência, os poros da vida jorravam algo patético que ela achava deplorável, não queria ter parte naquilo. Se acontecesse de forma espontânea, assim como ela imaginava ocorrer com as outras pessoas, seria de certa forma, aceitável, mas ela não fora preparada para simplesmente existir, havia algo que ultrapassava o existir, ou que ficava anterior a este, a medida exata imprescindível a qualquer ser vivente, havia lhe faltado.
O ônibus haveria de chegar, para fim da sua pré-angústia.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Tenho dado voltas vertiginosas na roda da vida, porém, meu desejo continua sendo o de ficar ali embriagada de vinho, virtude ou poesia, parada, pateta, ridícula... Preencher-se de vazio é a imbecilidade mais paradoxal que existe, ludibriar-se com recursos tolos provoca lacunas ainda maiores do que as já existentes...

segunda-feira, 11 de maio de 2009



Não havia motivos para buscar as causalidades, ela nunca havia entendido qual era a utilidade de encontrar a mola propulsora dos males, ela já conhecia as suas motivações e era plenamente consciente da sua irreversibilidade.
Tratava-se apenas de uma fase, mais um episódio de suas crises cíclicas, assim como nas outras circunstâncias, os sintomas viriam não se sabe se com a mesma intensidade, mas logo desapareceriam, subitamente, como o cair da noite, inevitável.
Aprendera a adoecer docemente. Encontrara na dor um colo macio e acalentador. Aprofundara-se na própria falta de objetividade, saída de emergência para quando a vida proporciona entusiasmos tão tênues como o gosto de uma alface, e a dor estaria momentaneamente suspensa, como poeira espanada logo voltaria a desabar.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Ainda me restava uma esperança na humanidade, algo que eu não notava, mas que se manifestava em algumas declarações impensadas, palavras ditas em rompantes pouco refletidos, na verdade tratava-se de berros do meu inconsciente.
Imaginava eu, na minha extrema ignorância, que algum vestígio da essência de todo e qualquer ser vivente pudesse apresentar algo no mínimo digno de alguns segundos de reflexão. Ilusão de contempladora inexperiente. O convívio não deixa dúvida de que algumas pessoas não passam de matéria bruta, nada além de um composto de células ambulante, completamente incapazes de abstrair ou de provocar a abstração alheia.
A irrelevância existencial de tais seres chega a picos inimagináveis, ocupam o grau mais alto na categoria da ignorância mais mesquinha possível, além de não proporcionarem nenhum estimulo para o desenvolvimento do potencial daqueles que os cercam, coexistir com os mesmo não exige nem ao menos que se gaste o próprio potencial. Chego a pensar que a obrigatoriedade de interlocução com essas pessoas "emburreceria" até as mentes mais esclarecidas, afinal, a não necessidade de uso do intelecto certamente o atrofia.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males? Por que razão é que não os impede.
(Epicuro)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Qualquer bípede, com polegar opositor, massa cinzenta em funcionamento e o minimo de discernimento, tem consciência do quão pouco inteligente são as generalizações, isso é inquestionável, porém, em algumas circunstâncias, algumas características são tão persistentes em determinadas categorias de indivíduos, tornando-os tão passíveis de receberem para si atribuições generalizantes, que pouco inteligente seria não fazê-lo.
É preciso livrar-se desse zelo que nos fazem desenvolver para com os preceitos da exímia inteligência, as relações sociais se constantemente refletidas fazem de nós loucos ou babacas.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Com o passar do tempo é inevitável que as pessoas se tornem levemente acretinadas, o máximo que pode variar é a dose, a intensidade e a frequência de uso dessa técnica de sobrevivência. Não há virtude que perdure mediante os percalços da vida. Tolice é acreditar naqueles que mantém a todo custo uma patética expressão afetuosa como se desejassem desarmar o desdém do mundo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ninguém pode te salvar da lama movediça de ser você mesmo. O amor, assim como as outras válvulas de escape, são artifícios momentâneos, o sentimento quase alucinógeno que proporcionam é efêmero, breve, passageiro... em pouco tempo torna-se trivial, corriqueiro, a beira do abismo da insignificância com o mais intenso instinto suicida..

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Não há nada mais sem limites do que a estupidez humana. Consciente ou inconscientemente cometemos tolices que poderiam ser evitadas caso analisássemos regras tão básicas que ao serem apontadas causam risos por parecerem tão óbvias.
Irracionalmente adentramos em mares de tinta verde com o desejo ingênuo de sairmos dos mesmos coloridos de vermelho, e ainda maldizmos a sorte, o acaso, o destino e entidades metafísicas pelo desgosto do resultado obtido.

terça-feira, 31 de março de 2009

A autocrítica comumente é confundida com a autodepreciação, nas mais diversas circunstâncias e com os mais diversos propósitos.
A dificuldade reside em conseguir detectar quando se trata de uma estratégia medíocre de algum espírito mesquinho na busca de diminuir-se para atrair para si atenção ou elogios fazendo uso exacerbado da piedade alheia ou até mesmo da falsa modéstia, ou se estamos verdadeiramente diante de um ser cuja alma, assim como alude o velho Buk, reduziu-se até tornar-se uma espécie de pasta espiritual.
É deveras tolo inflar o próprio ego, mas desinflá-lo é um despropósito. E se o seu egocentrismo exige reconhecimento, na pior das hipóteses, invista no marketing pessoal, já que seus atributos expostos de forma espontânea não lhe garantem a atenção desejada.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O direito à contradição deveria fazer-se presente entre os direitos humanos inalienáveis. Todo esse arsenal de julgamentos morais, atento a toda e qualquer incoerência praticada ou proferida verbalmente, tem apenas a utilidade de podar as potencialidades inerentes ao indivíduo.

domingo, 15 de março de 2009

Nos finais de semana nunca é possível, você pode passar a semana toda camuflando-se entre seus companheiros de trabalho, supostos amigos de faculdade, aspirantes a magros ou fortões de academia, sem que nenhum deles perceba absolutamente nada de estranho em você, são cinco dias da glória da normalidade, você pode transitar entre todos sem o risco de ser apedrejado ou mandado para Sibéria, mas não nos finais de semana.
Nos finais de semanas desse mundo pós-moderno o que fica subentendido é que você tem que pertencer a algo, a qual grupo é o menos importante, mas é obrigatório que você seja visto entre os demais, misantropia tornou-se uma das espécies mais condenadas de criminalidade. As perguntas que irão definir o seu grau de sociopátia serão feitas comumente nas sextas, ou nas segundas, ou então a fatal evidencia será fabricada naqueles típicos telefonemas de final de semana.

-Oi tudo bem, e aí, to te ligando para saber se vai fazer alguma coisa hoje a noite.

Tornou-se obrigatório fazer alguma coisa toda a noite, só porque é sábado. Essa obsessão urbanóide de aliviar a neurose a qualquer preço nos fins de semana, como se os que não praticassem os rituais purificadores, sejam eles de cunho religioso ou orgiástico, estivessem marcados com o sinal da besta.
Francamente.

sábado, 14 de março de 2009

_Abandonou-te?

_Pior ainda: esqueceu-me...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Da indigesta arte de engolir sapos..

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O problema é que algumas pessoas não são merecedoras nem ao menos do termo 'desinteressante', pois até este exige que se possua algum atributo. São verdadeiramente inadjetiváveis. Verbalmente costumam ser tão significativos quanto objetos inanimados, e quando falam, céus!, possuem o discernimento de um recém-nascido.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Apelando para os preceitos da moral judaico-cristão, indiscutivelmente, disparidade intelectual caracteriza-se como o mais grave julgo desigual.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Da suicida arte de adentrar em barcos furados.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O problema de não conhecer alguns pontos essenciais de um indivíduo, e coexistir com o mesmo, reside na constante e cansativa oscilação entre subestimá-lo e superestimá-lo...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ah! Como é ténue a linha que separa as palavras de romantismo das palavras triviais!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sim, evidentemente somos intrinsecamente sós, e quanto maior for a capacidade de assimilação desse fato, menos sofrimentos e transtornos possivelmente ocorrerão, mas levar essa questão ao extremo é insanidade. Pobres misantropos!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Se elas conhecem os monstros da solidão? Obviamente! Frequentemente eles aparecem aos uivos, ferozes, vorazes, transmitem em seus olhos tipicamente vermelhos (assim como alude a santa televisão criadora de nosso inconsciente coletivo) a impressão de que dessa vez a glória do sucesso será atingida, o que lhes garantirá um altar com estofado macio para repousarem nos pequenos intervalos de uma injuria e outra. Mas elas já estão preparadas para esses ataques surpresa, livram-se deles aos berros, estéricos, mas inteligentemente controlados, e logo após uma bebida, um cigarro, uma página ou outra de qualquer bom escritor que domine o fluxo de consciência, os conselhos musicais da Tia Ângela (RôRô), e tudo está resolvido, resta apenas no rosto o sorriso sarcástico anunciando um: até a próxima!
Mulher sem medo de baratas tem como uma de suas características principais o fato de terem o ego assemelhado a demônios, e de manterem todos eles sempre acordados a postos para uma boa disputa com o ego alheio, principalmente quando notam que o ego de seu semelhante se travesti de qualquer coisa amena, opaca, insípida, angelical.
O que as torna perigosamente danosa à saúde física, mental e espiritual de seus semelhantes é que nunca deixam a real faceta do seu ego se apresentar em seus discursos, o que faz seres despercebidos dar subsidio para que as mesmas inflem seus egos, transformando o demônio que carregam em algo imensamente gigante, mal sabem eles, os interlocutores, que tudo que elas esperam é que a proporção da boca desses bichinhos que elas trazem dentro de si (e que os acariciam com mais precisão do que ao próprio clitóris) alcance tamanho bastante para abocanhar suas cabeças.
Sim, eu era alguém pertencente à classe de mulheres que não possuem medo de baratas. Certamente eu também arrumaria pontos de confusão nisso, algumas pessoas foram colocadas no mundo para não permanecerem por muito tempo com convicções, e de fato eu era uma delas, encontro-me agradavelmente distante de qualquer compromisso com a ciência-religião-coerencia e todas as suas derivações. Eu havia decido nutrir o apego a essa ausência de medo, e comecei, mentalmente, catalogar mulheres com a mesma característica. Obviamente, a primeira que me viria em mente é a Tia Rita (Lee), tudo que emana dela anuncia a ausência desse medo, penso nisso e imagino aquela imagem jovial que ela possuía (e ainda possui) quando era membro ativa dos Mutantes, aquele ar de rock engraçadinho de quem está com a bunda virada para toda e qualquer questão – social - existencial - moral – filosófica – religiosa – psicanalítica - literária e essa banalidade toda.
Mas eu havia cansado dela, ela foi deveras resistente, ultrapassou a expectativa de vida para continuar entre os mestres, depois de certa idade perde-se aquela aura de “dane-se”, tudo demonstra inegavelmente passagem por terapias, tratamentos prolongados, especialistas de diversas áreas e tantas outras técnicas de manutenção e prolongamento da vida.
Chega dar medo de um dia vê-la com os cabelos castanhos, toda vestida de branco, desprovida de seus óculos debochados, com um crucifixo no pescoço fazendo o especial de Natal da Globo no lugar do Rei, cantando aos berros “Jesus Cristo eu estou aqui” , sendo contemplada pelo marido que a aguarda com os olhinhos brilhantes, marido este que ela conheceu quando estava produzindo seu primeiro de uma série de curtas onde expunha todo o seu drama de como se livrou dos vícios ao encontrar Jesus.
Céus! Isso foi até nauseante, completamente infundado, mas não menos medonho por isso.
Havia algo de bombástico naquela descoberta, depois de anos desencontrada, eis que descubro uma das coisas que fará toda essa existência incoerentemente medíocre se tornar menos (ou mais) nonsense. Nada de equívoco, estou longe de buscar ‘salvação’ nos auto-conhecimentos redentores.
Em meio a uma conversa completamente desprovida de nexo chego a uma conclusão que dias depois mudaria toda a minha concepção a meu próprio respeito, ou quem sabe seja exagero usar o termo “mudaria”, digamos que essa conclusão me direcionou a compreender alguns detalhes das minhas concepções, afinal, elas são completamente inúteis quando não compreendidas.
Estávamos andando despretensiosamente em direção ao sagrado sorvete de chocolate recheado e eis que surge uma barata que provoca um típico “piti” em um dos seres que sempre me acompanha, e eis que me vem em mente: tudo é socialmente determinado, até mesmo o medo das baratas!
Essa parte é típica de quem tem passagem pelas ciências sociais, nada inédito, inovador, ou digno de glória, certamente não será isso que me levará aos anais da história.
Convenhamos, em sociedades onde esses bichinhos resistentes à bomba atômica são servidos como refeição certamente as mulheres não sobem em cadeiras e esperam a proteção de seus respectivos machos ao vê-los.
A questão que ficou em mente se remeteu a minha posição existencial, até então eu tinha me portado como as mulheres que possuem medo dos tais seres asquerosos, grotescos, provenientes de bocas de bueiros, com um pequeno detalhe que eu vinha esquecendo sempre: Eu NÃO tenho medo de baratas!
Foi então que me vi no mundo, e a ínfima possibilidade de um caminho que me deslocaria minimamente de toda minha incoerência. Não, eu não passaria a comer baratas, já passei da fase em que buscava psicoticamente “descondicionar-me”, onde se luta de forma tão tola como um cachorro que tanta pegar o próprio rabo. O fato foi que, depois de analisar todas as nuances da questão, e as possíveis, prováveis, inquestionáveis implicações da mesma, encho a boca, cheia de si, para dizer em alto e bom som: Eu, conscientemente, pertenço da classe de mulheres que não tem medo de baratas!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Definitivamente, essa sociedade pós-moderna me assusta! tudo se tornou tão decepcionante, tão sem graça. Antes quando se tinha o objetivo de "lavar a alma" queimava-se cartas, arrancava-se cabeças de bichinhos fofos de pelúcia, chorava-se desvairadamente até pegar no sono, ouvia-se trilhas sonoras de novelas das oito, vomitava-se palavras de desalento... Mas hoje, bem, hoje as coisas são bem mais simples, nada que uma boa limpeza na caixa e emails não resolva.
I-N-S-T-A-N-T-A-N-E-A-M-E-N-T-E.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A': - Céus! estou completamente perdida, completamente desnorteada, é como se estivesse no ápice da minha loucura! não poupo meu divertimento ao ver sua cara de susto em meio a tantas contradições. Confessa vai, foi uma dose de insanidade condensada que você colocou nesse copo, é a única explicação plausível.
A'': - (...)
A': - Não, esquece a parte do perdida, vamos dar uma entonação poética para minha derrocada: digamos que eu estou d-e-s-e-n-c-o-n-t-r-a-d-a! não acha bárbaro o que podemos fazer com as palavras?
A'': - E quando foi que você não esteve...
A': - Não seja desagradável.
A'': - Eu te amo!
A': - Ótimo! enfim algo que temos em comum, eu também me amo!
A'': - Você é tão... tão...
A': - Olha, nada de palavras com conotação de decadência verbal.
A'': ... tão cretina.
A': - Será este mesmo o caminho?
A'': - E que diferença faz? caso não seja.. dane-se. É como reza a lenda " todos os caminhos levam a Roma", no nosso caso, "todos os caminhos levam ao abismo", e mesmo se não fosse, no fim a gente morre e toda essa tolice se encerra..
A': - até onde consta (...)
A'': - Por que, diabos, eu ainda converso com você?
A': - Porque você me ama, esqueceu?!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Poupai-me dessa falsa autenticidade,
desse exímio esclarecimento político,
da leitura desses livros ditos corretos,
dessa habilidade inquestionável com as normas e etiquetas,
dessa supostamente bem formada concepção acerca de todo e qualquer assunto!
Às favas com a boa educação!

Para os diabos com o perfeccionismo gramatical!

E detesto ter que dar a má notícia, mas a arte não vai salvar ninguém.
extremamente sã.
extremamente lúcida.
extremamente convicta do que digo.
despejo todo meu ódio acumulado sobre vos que me trouxeram ao mundo.

eu vos amaldiçoo.

maldito seja o dia em que fui concebida.
nutrirei eternamente meu desprezo por vossa santíssima união.
renego vossos credo e costumes.

fim aos espelhos que me proporcionam a infeliz visão desses traços que carrego hereditariamente.

que os matrimonios sejam dissolvidos instantaneamente.
que a maternidade torne-se auto abortiva e que seja despejado sobre vos o sangue dessa o injúria.
que a inevitável lama que nos aguarda ao fim dessa mediocridade denominada existencia se adiante.

e que meus olhos alcancem a visão desse martírio.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Hoje eu não faço mais nenhum sentido. Livre de todos aqueles preceitos tolos, lamento pela impossibilidade de me deparar novamente com aquelas adoráveis circunstancias. Do que fui ontem, hoje só resta o asco pelas rimas primárias.

domingo, 11 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Maldita a folha negra
Em que Deus escreveu a minha sina...
Maldita minha mãe, que entre os joelhos
Não soubeste apertar, quando eu nascia,
O meu corpo infantil! Maldita!

A.A.
E fica no teu ermo entristecida,
Alma arrancada do prazer do mundo,
Alma viúva das paixões da vida.

A.A.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

- O que você busca em mim?
- Eu deveria buscar algo em ti?
- Você ja perdeu alguns momentos comigo...
- E... ?
- Por que entre tantas ou poucas coisas que você poderia estar fazendo, esta aqui justamente falando comigo?
- Bem, o acaso nos colocou aqui, eis que estamos a nos falar, não há nada de especial no que ocorre nesse momento... Mas eu poderia dizer também que estou aqui justamente falando com você pelo prazer imensurável de contemplar esse belo sorriso...Mas eu não sou tão gentil assim
- Você me atrai.
- Bom saber... infla meu ego!
- Mas não me atrai só fisicamente, apesar de seres linda, me atrai de outra forma.
- Se a atração fosse apenas física não inflaria meu ego...
- Você é prepotente
- Meu ego que não é tão superficial assim...
- Desculpe a sinceridade, mas apesar de gostar mais do seu cerébro do que seu seio, pretendo beijar sua boca um dia, não sua testa.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Buk

Minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas à distancia, o sol provocando transparencias em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas tem na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora. Certamente eu nunca seria capaz de ser feliz, de me casar, nunca poderia ter filhos. Mas que diabo, eu nem conseguia um emprego decente...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009


Ela não tinha ninguém. Mal pertencia a si própria com toda aquela alma decomposta não podia se suportar. Abarrotada de hipocrisia negando a si própria para encontrar a felicidade inatingível.

Sem companhia, amor ou cigarros se abraçou na garrafa de whisky mais próxima – logo ela que nunca tomava aquelas bebidas fortes do oeste, que não suportava com gelo nem puro o sabor compacto do destilado quase amargo descendo pelo corpo – tomou dois, cantou Piaf, a única melodia que ainda atingia seu interior bruto, quase intocável, só de lembranças putrefatas e sujas, pela cinza. Tomou duas doses puras desta vez e dançou. Dançou sem música pela casa, não escutava a sua própria, proclamando sua solidão interna e o abandono daqueles por quem esperava pelo socorro naquela ocasião. CFA

sábado, 27 de dezembro de 2008

Ah! Velho Buk!




-Você acha que se deva glorificar a bebida?
-Não mais do que qualquer outra coisa
-Beber nao é uma doença?
-Respirar é uma doença
“Com ignorância e vileza absolutas, nossos genitores, isto é, nossos pais, nos põem no mundo e, feito isso, não conseguem lidar conosco, todas as suas tentativas fracassam, eles desistem logo, mas sempre tarde demais, sempre e somente quando já nos destruíram faz tempo" (Thomas Bernhard)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Shakespeare criou o mundo em sete dias

No primeiro dia fez o céu, as montanhas e os abismos da alma.
No segundo dia fez os rios, os mares, os oceanose os outros sentimentos -e deu-os a Hamlet, a Júlio César, a Antônio, a Cleópatra e a Oféliaa Otelo e outros,para os dominarem, eles e os seus descendentes,até o fim dos tempos.
No terceiro dia reuniu todos os homense ensinou-lhes o gosto:o gosto da felicidade, do amor, da desesperança,o gosto do ciúme, da glória e assim por diante,até se terem acabado todos os gostos.
Chegaram então alguns indivíduos que se tinham atrasado.
O criador afagou-lhes a cabeça compadecidoe disse-lhes e que não lhes restava senão tornarem-secríticos literáriose contestaram-lhe a obra.
O quarto e o quinto dia reservou-os para o riso.
Soltou os palhaçospara darem cambalhotas,e deixou os reis, os imperadorese outros infelizes divertirem-se.
No sexto dia resolveu alguns problemas administrativos:pôs no caminho uma tempestadee ensinou ao rei Learcomo se deve usar a coroa de palha.
Ainda haviam sobrado alguns desperdícios da criação do mundoe então fez Ricardo III.

No sétimo dia viu se ainda tinha algo por fazer.
Os diretores de teatro já tinham enchido a terra com cartazes,e Shakespeare pensou que depois de tanto trabalhomerecia ele próprio ver um espetáculo.
Mas antes, como estava exaustivamente cansado,foi morrer um pouco.

Marin Sorescu
tradução de Luciano Maia

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008



Escrever fora o único jeito que ela havia encontrado para suportar a vida.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

_ As vezes eu não sinto nada, não escuto, não falo, tenho vontade de não ver também, mas se eu fecho os olhos eu quebro a cara, tô de saco cheio dessa falta de sentido, dessa palhaçada nonsense, sacou?
_ Relaxa, meu amor, relaxa.
_ É preciso reconhecer o espaço, eu não tenho mais que cinco minutos, é preciso que as coisas se resolvam, se demorar muito eu vou continuar sem entender.
_ Relaxa, meu amor, relaxa.
_ Se ficar muito tempo ninguém aguenta, tem que saber onde se pisa, entendeu?
_ Relaxa, meu amor, relaxa.
_ Se relaxar o negócio sai mal feito, é preciso dedicãção, saber onde tá se metendo. Geralmente a gente não sabe que tá com a cabeça dentro da boca de um leão, e o bicho tá louco para matar a fome!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

quão detestáveis são as noites de verão. quão incoveniente é o riso. as falas desconexas. as efusividades desses hóspedes temporários dos prazeres.
Ah! Esse medo de morrer (essa aflição por estar no mundo)
De braços cruzados, a vida segue (e eu: imóvel)

[vou me esfacelando contra as palavras]

domingo, 21 de dezembro de 2008

Ah! Oscar Wilde, meu caro, eu poderia ser uma mera reprodutora de ti sem nenhum trauma!




Aquela dama estava usando arrebique demais, ontem à noite, e roupa de menos. Isso é sempre sinal de desespero, numa mulher.

sábado, 20 de dezembro de 2008



Eu não estou doente, só sei que a vida não vale a pena ser vivida.


Os olhos parados numa expressão estranha, misto de ironia e tristeza. Mas não se pode negar que tinha algo diferente - alguma coisa assim que transcendia o corpo e ficava pairando como... como uma névoa vaga de manhã de outono. O fato é que ela possuía uma graça especial, talvez o jeito como se debruçava à janela, ou mesmo o jeito de sorrir apertando os lábios, como se temesse revelar no sorriso todo o seu mundo interior.

Caio Fernando Abreu


" vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha " (c.f.a.)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008



É o fim , bela amiga
De nossos planos detalhados... o fim
O fim do riso e das leves mentiras
O fim das noites em que tentavamos morrer

sábado, 13 de dezembro de 2008

esse estado de expectadora da existência.
essa doce morbidez.
essa fuga em busca de uma falsa segurança no mundo interior.

[ah! a patética confissão desse desejo de fuga...
nostalgia de distância e novidade,
esse anseio por libertação, desobrigação e esquecimento!]

esse ar nas entrelinhas de texto batido de amante mal amado.
essas falsas e densas complexidades psicológicas.

[ah! como eu queria me aconchegar no seu colo acolhedor e sentir que estas a me poupar dessas presentes e futuras dores dilacerantes. olha! nada mais quero que não seja ter entre as minhas tuas mãos]

talvez eu me firme na certeza de que há sempre alguém que não vemos nos deixando flores.


“Danem-se”, repetiu olhando enfrentativa em volta. Mas “danem-se” não era suficiente para aquela gentalha. Então rosnou: “Fodam-se!” em voz baixa, mas com ódio suficiente...


"Vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!"

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008



Horas a fio,

esperando que a ausência se vá..


hoje
se soubesse morrer,
morreria

tédio, ócio e ausências desencadeiam uma série de possibilidades absurdas em nossas cabeças...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

fazia um friu insuportável. lá fora caia a chuva enfurecida prometendo vingar-se de qualquer um que tentasse afrontá-la. não havia possibilidade de nenhum dos dois fugir.
o líquido tombado dos copos misturava-se com a cinza dos cigarros. restava ainda na mesa pedaços de um passado passado a limpo. cada minuto fazia-se interminável. o acaso havia condenado os dois a digerirem aquela história frente a frente. qualquer manifestação de desalento seria derramada nos olhos do outro. ela que sempre teve os olhos fugitivos agora o inundava de sentimentos gélidos. ele martirizava-se por tê-la apunhalado com tantas delicadezas e falsas promessas que jamais seriam cumpridas. nada mais se poderia esperar daquela junção de insonias profundas e sonos intermináveis. era o fim das noites de ciclos etílicos bukovskiano.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Havia apenas uma certeza em sua mente: não iria mais proceder da mesma forma! era definitivo, nada faria com que ela mudasse de idéia, afinal, depois de ter cometido o mesmo erro tantas vezes seguidas sem refletir por nenhum segundo, de fato não teria como não ter criado alguma resistencia, ainda mais quando se tratava dele, que pouco a motivava sentimentalmente, mas que sempre a convencia com sua argumentação bem pouco coerente e articulada, contudo, dessa vez ela estava preparada, ele não a convenceria.
Como era de se esperar, a situação estava ocorrendo assim como ela imaginou, e no momento exato, exatamente na hora em que ela havia suposto, eis que ele aparece, o semblante de sempre, aquele ar transmitindo a impressão de que haviam se visto apenas a poucas horas e que ele estava sendo esperado, em outras situações isso já havia lhe causado uma certa irritação, mas agora não lhe provocava nenhum sentimento negativo, o que ela sentia era uma profunda satisfação por estar certa de que dessa vez os planos dele seriam frustrados.
Cheia de si ela foi até onde ele estava e deixou que ele falasse, ela se limitava apenas a responder o que ele perguntava, e eis que surge a proposta, como sempre, nada inovador, ela não compreendia como foi capaz de perder tanto tempo com um humano que a fez ler um livro de micro história, e que tinha em mente apenas programas detestáveis em lugares e com pessoas igualmente detestáveis.
Surtou por alguns segundos e começou repetir baixinho para si: "Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza". Apesar de nem ao menos ter chegado a amá-lo, ela sempre se feria por seu excesso de sentimentalismo em todo relacionamento que se envolvia.
Voltou a si. Perguntou a ele se recordava quanto tempo não se encontravam, riu descaradamente na cara dele com o ar mais debochado que encontrou ao ouvi-lo dizer que deviam fazer umas três semanas, e aproveitou para dar um de seus conselhos sarcásticos de que ele deveria levar mais a sério a multidisciplinariedade, a História deve ter deteriorado o senso numérico dele, ou ele realmente pensou que a enganaria? afinal, confundir dois meses com três semanas não é algo tão comum de acontecer, não dava para relevar mais uma de suas tolices.
No fundo o que ela queria era encontrar uma forma categorica de mandá-lo para o inferno, não poderia abrir mão de sua sutileza por tamanha insignificancia, ela poderia passar muito tempo desinflando o ego e destruindo-o com seu imenso arsenal de ofensas travestidas de eufemismos, mas não, isso prolongaria a presença dele, e quanto maior fosse o periodo em que ela passasse falando, ele se sentiria no direito de usar a mesma proporção de tempo com explicações, e não era isso que ela desejava... se limitou a mandá-lo embora e dizer que não era mais bem vindo em sua vida... (se livrara de mais um 'fantasma').

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"É uma honra arruinar-se pela poesia".



Bêbadas,brancas,bacantes o beijam
Suas artérias hírcicas latejam
sentindo o odor das carnações abstêmias
e anoite vai gozar,ébrio de vício
no sombrio bazar do meretrício
o cuspe afrodisíaco das fêmeas.



chama-se Dor, e quando passa enluta
e todo mundo que por ela passa
há de beber a taça da cicuta
e há de beber até o fim da taça!!


Melancolia! Estende-me a tua asa! És a árvore em que devo reclinar-me... Se algum dia o prazer vier procurar-me dize a este monstro que eu fugi de casa!


"...porque neste mundo em que habitas não tens outro direito que não o de chorar."
(augusto dos anjos)

domingo, 30 de novembro de 2008

Quando você vai embora de nós
o pronome parte-se ao meio
você diz que só leva o s
e o que adianta?
se comigo sobra o nó
na garganta.
Então, quando você me beijar,
vai sentir o gosto da minha escrita,
pois a fim de nunca esquecê-las
eu trago todas as minhas palavras
na ponta da língua.

sábado, 29 de novembro de 2008

... as luzes apagadas poupavam meus olhos da efusividade das cores, seria uma afronta qualquer objeto ao meu redor possuir algum brilho enquanto tudo que parte de mim é fosco e opaco. pensei em acender um cigarro, mas frustrantemente lembrei que não fumo. quis me embriagar. contudo. o senso de responsabilidade me fez recordar das atribuições a mim conferidas para o dia seguinte. esperei que o telefone tocasse. não. ele não tocou. colho a solidão do silêncio do telefone. do silêncio da sua voz. a noite prossegue seu percurso. tenho apenas a insônia como companheira fiel.

Só por hoje queria ter aquela voz suave novamente me dizendo:
- "Uma rosa para deixar seu dia mais bucólico"
- "Um livro para sua alma impulsiva serenar"
Hoje quero me nutrir de toda melancolia que tenho ao meu alcance, vou esquecer o quão patética e monotona é a minha vida, e sofrer junto e com a intensidade do drama dos que realmente usufruem de suas existências.
Vou esquecer que meu coração não está partido, que ninguém foi embora e que tudo em mim é extremamente convencional a ponto de eu ser quase invisivel.
Hoje eu quero apreciar a fossa, como se minha vida pudesse servir de inspiração para um blues, quero acreditar que tudo está perdido, que existe alguém que foi embora para nunca mais voltar, e que minha ressaca moral será eterna.
"Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não de você, se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por que?"
- Caio Fernando Abreu

sábado, 22 de novembro de 2008

Meu prazer está nas festas literárias, onde minha vaidade consiste em, antes e sair, ir ao dicionário retocar o verbo..

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Não há puritanismo, moralismo, cristianismo capaz de esconder a volúpia que salta dos olhos (...)
O processo criativo continua bloqueado, mas o desejo de expressar se desenvolve a cada dia, é uma evolução crescente e gradativa, creio que um surto, que certamente virá em breve, trará a luz uma imensidão de algo ainda não identificável, mas que já aponta a serenidade e o brilho leve que trará a calmaria plena para o que entendo por alma.
Que seja firmado na inconsequência, que as bases não se sustentem por muito tempo... Quero o efêmero, a fragilidade de um castelo de areia, e a profundidade da ternura das coisas findas.
Interno, inteiro, intenso.. sinto por si só, as influências externas são meros agravantes... Deixo que os objetos idealizados tenham a autonomia de se enquadrarem (ou não) em minhas definições.

Amante dos leitores de entrelinhas!
Os humanos são detestavelmente previsíveis, prezam por tolas banalidades e supervalorizam as mais fúteis superficialidades. Vivem presos a preceitos inexistentes, não ousam, não extrapolam, seguem a risca o roteiro que recebem de mentes doentias e controladoras, deixam de viver para preservar valores invisíveis e deixam escapar das suas possibilidades o prazer do que lhes pode ser palpável.
Quão terrível é a sua limitação!

domingo, 16 de novembro de 2008

Pior do que idealizar algo, é encontrar um objeto correspondente a suas idealizações e se ver inapto para usufruto do mesmo.
(Não se trata de reflexões de cunho conservador, retrogrado, arcaico, ultrapassado, desatualizado, é apenas a manifestação em prol dos sentimentos genuínos).
Em meio a tanta vulgaridade, as coisas perdem o sentido estrito que antes lhes eram atribuidos. E enquanto uns forjam amizades, outros forjam amores.
Seriam todos hipócritas, ou estariam simplesmente se adaptando ao contexto?
O problema é que só tenho o caos, não me foi dado o potencial criador. E caos, meramente caos, só resulta em desordem, sem cor, sem som e sem palavras meticulosamente alinhadas.
(a vida me veio como um soco na cara. nenhum rompante de bom senso me impede o furor de revidar)
nada além de palavras
unidas por um conjunto de sutilezas,
uma tramóia confortável,
uma cultura de palavras
muito elegantes e cuidadosas

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

sábado, 27 de setembro de 2008

A mãe dos imbecis está sempre grávida. Fato irrefutável. Uma breve peregrinação entre os bípedes que habitam qualquer parte da esfera terrestre não deixa dúvidas sobre o que foi afirmado a princípio.
Mitos, crenças, crendices entre outros diversos artifícios permeiam a mente de tais seres desprovidos do mínimo de inteligência que desperta o entendimento do óbivio e a persepção de tudo que cerca suas vidas medíocres.
troquemos o pão e circo por óculos!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

sua sanidade será sempre medida de acordo com a sua capacidade de danças conforme a música, e não, não vai adiantar você ficar inerte se limitando a movimentos repetitivos e contínuos de pés ou mãos, eles querem que você se ocupe, que você se mova por completo, haverá sempre mãos e braços insistentes te arrastando para a dança da vida.
e você demorará muito tempo para descobrir de onde está vindo a música, em determinados momentos até terá a impressão de estar avistado a orquestra, mas não se deixe levar por aqueles que figem ter o domínio de uma ou outra nota musical, aquele que rege sempre estará com o rosto encoberto.
seus interesses serão catalogados por terceiros, suas preferências serão pré determinadas por parâmetros que não serão definidos por você, e sempre haverá forças coercitivas com poder de persuasão suficiente para trazer você de volta caso tente romper com os limites.
eles vão insistir que você persista, com seus olhares de piedade tentarão fazer com que acredite em uma porção de lorotas, e o intuito será sempre o mesmo : fazer com que você dance, deixar seus passos em sincronia com o restante de baile da vida, e toda dança te entertirá, e por trás das cortinas vermelhas, seu futuro estará sendo tramado, a nova música estará sendo criada, os novos paços sendo programados, e todo o seu figurino projetado e o seu trabalho será reduzido, o intuito é sempre o mesmo, que você dance.
tentarão fazer com que se sinta importante mesmo você estando entre os figurantes, te pouparam do brilho das lantejoulas alegando não querer ofuscar o brilho dos seus olhos e você nunca estará entre os que vestem e exibem o extravagante vermelho, e suas piruetas serão dadas exclusivamente quando notar um chapáu de bobo da corte em sua cabeça, e nunca estarão rindo com você, mas sim de você, mas os risos certamente não irão durar muito tempo pois isso poderia inflar seu ego, e essa nunca será a intenção.
e não será permitido que você se ire, a ira se tornará perigosissíma, qualquer sinal de subversão será reprimido por forças ideológicas maiores do que o seu acervo de informação mental, e você nunca terá acesso a todo material informativo, lhe será passado apenas o fundamental para que exerça sua função dando um belo espetáculo
tudo até que chegue o fim, acompanhado lentamente e agradávelmente de uma marcha fúnebre.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Não quero parecer a vossos olhos um ser dramático, é sabido por todos que não faço esse papel ridículo, só quero deixar a situação elucidada para que não imagines que eu tenha fracassada por mera causalidade, ou que tenha havido um trabalho do acaso nisso tudo, não, não se trata de tal. Eu me perdi pelas circunstância, quando dei por mim já estava localizada na pior situação possivel, eu havia me posicionado de forma drástica, assumi um papel existencial de risco, e eis que pago o preço, e pago com a própria vida, perco aqui, consagro a perca neste momento, do futuro promissor, de novas expectativas... perdi-me, e não deixei caminho de volta, terei que ser banal para poder ser entendida, e não irei polpar vocábulos vulgares para me expressar da forma mais clara que eu achar que poderia.
Primeiramente, ou não tão primeiramente assim, sofri meu primeiro divórcio neste ano, quase uma vedadeira separação conjulgal, minha segunda experiencia fora de casa também não deu certo, conheci as pessoas, me desconheci, decepcionei-me e aos outros, senti remorso, carreguei o peso das minhas escolhas erradas, sem saber se tive oportunidade de fazer as ditas escolhas certas, alguns seres possuem em seu caminho apenas a via errada.
Tentei abraçar o mundo, iniciando dois cursos que eu não desejava, não trabalhei, não dei o melhor de mim nas duas faculdade, não tive forças para levar meu estágio do modo adequado condizente com o meu potencial, enfim, fracassei, perdi um curso, me arrasto no outro. Não vejo expectativas, não vejo caminho, terei que começar todo meu trajeto novamente, por descuido, por descaso, por um aglomerado de erros, de escolhas equivocadas...ah céus, por que, diabos, tive que ir tão longe, agora parar é quase impossivel, seguir... inevitável...
Depois daquele divórcio forçado me vejo em meio a usuárias de droga, aspirantes a alcoolatras e pessoas com vida sexual promiscua. Sem falsos moralismos, não é o caso, diferente delas, que cometem todos os erros visiveis, eu, que transpareço a maior pureza, peco com as piores atrocidades, possuo a alma imunda, carrego uma sujeira sem fim por dentro. Mas apesar dos pesares, não estou feliz em meio a libertinagem, se pudesse realizaria um exorcismo na minha vida, ou qualquer ritual que libertasse esses demonios...
E elas, sempre tão presentes, sempre ao meu lado, com seus problems inusitados, não queria que fosse dessa forma, elas que gostam delas, mas que possuem o coração de anjo, e eu, que por eles ainda espero, essa alma imunda, mas o que poderia fazer? as circunstancia me empurraram, eu não podia, eu não devia, eu não me distanciei, eu decai, fui decadente, vadia decadente, vadia sem nem ao menos ser vadia, me perdi, e perdi o que havia de mal em mim, e vi que não restava mais muita coisa.
Eu, que te amava tanto, que te vi decadente, que te vi decair, e vi tu tornaste mais um humano entre tantos outros, Céus, mais uma decepção, mais um erro, inumeras palavras ditas sem nenhum significado...
preciso me achar para depois me perder... não me sinto... não me acho... Diabos, não morro.
Mas consagro que não tenho mais caminhos, declaro minha derrocada.
eis o grito final.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Eih espere, onde pensa estar indo? Não analisou bem o seu campo de possibilidades? Abra esses olhos menina, assim o risco de cair se torna menor, nenhum desses caminhos vão te libertar da existência,
Fique calma, querida, todos eles foram embora, mas você ainda está aqui
Tudo bem, eu sei, você não faz questão de estar aqui...
Afinal, qual é o seu problema?
Do que estão te tratando? Está ciente do que está acontecendo contigo?
Tudo bem que seu ano ainda não acabou e que você já possui toda uma história trágica que te perturba... Esse foi um ano de separações drásticas, descobertas decepcionantes... Pessoas mostrando seu lado mais deplorável, mas e você? O que você significou para essas pessoas que te deixaram o que fizestes por elas? Fizestes algo para não partirem?
Mas não se preocupe, estou longe de lhe recriminar, eu sei tudo o que se passa, sei que eles foram porque era hora de irem, já tinham feito um estrago na sua vida, mas foram embora, agora você já pode descansar, vai ficar tudo bem.
Bom seria se eles tivessem ido embora antes, talvez o estrago fosse bem menor, você não teria feito tanto mal a si mesmo se eles tivessem partido mais cedo, eles deixaram você cheia de cicatrizes, mas e você? Também não levou pedaços deles embora? Passou despercebida? Fez com que eles se sentissem idiotas? Afinal, era o que pensavam de você, não é?
Você que carrega esse ar de superioridade, esse perfeccionismo, esses seus detalhes irrelevantes... Esse peso da irrelevância da vida
você que carrega esse semblante triste, você que só desperta as coisas nas pessoas que elas mais tentam esconder. Você é um ser detestável, docemente detestável,
Essas vozes, o que é que você pensa estar ouvindo?
Você vai passar pela vida dessas pessoas e no fim você esquecerá de todos eles,
mas por que você ainda não expurgou o que mais te machuca?
Quem foi que pediu para ele ficar por tanto tempo... E se ficou, por que não permaneceu?
Mas foi você que proporcionou a guerra interior dentro de todos que apareceram na sua vida,
nada mais permanece.
Por favor, não vá sem se despedir, ao menos diga adeus.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Alguns contam os dias que estão pertos,
outros os que estão distantes.
Tem quem se esquece de datas importantes,
e outros que relembram a todo instante.
Histórias de casais ninguém entende,
mas de amigos, tem quem aceite.

Ando ocupado,
mas fico feliz,
em saber de você.

Se já se faz um mês,
quase não percebo,
mas estive aqui,
quase sempre!

É como se estivéssemos soltos
envoltos nas leis da atração
e por um breve momento..
..perdemo-nos de vista
no lindo girar do horizonte.

Mas para onde buscar?

Se for para um dos lados,
tornarme-ei limitado.
Se viver pelos cantos,
serei envolto de prantos.

Ser esquecido é qualidade?
A pouco não terás de lembrar.

Faça-se novo cada dia,
um novo amigo, um novo lugar.

Mas quem sabe a noite traga,
um clarão que não se espera,
daqueles que nem na poesia se enxerga.
Que confunde a cada instante,
que angustia ao invés de apascentar.
O sentimento que eu sinto,
sentimento que não posso..
..pressupor pela distância.

Entre eu e você
existe o espaço entre
a terra e a lua.

Mas de onde te vejo,
desperta a vontade,
de tudo igualar.

Não pedimos mais tanta distinção,
não queremos o oposto a nossa união.
Não quero saber,
a quem tenho de me aproximar,
se a terra ou se a lua,
se ao reflexo dela ao mar.

Que me levasse ao descanço,
amaria um silêncio branco,
calmo, firme e certeiro,
sem nexo em errar.

As palavras são como enfeite,
as formas são só adornos.

A privação tem tanta realidade,
quanto a constante verdade.

Eu amo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Aniversário

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje
(e a casa dos que me amaram treme através das minhaslágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim..
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!Não penses!
Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

sábado, 9 de agosto de 2008

Eu podia sentir que não viriam mais outros abraços como aquele, ele possuia uma singularidade quando se tratava de abraço. Não sei se era pelo cheiro, ou somente por ter a pele mais macia de todas as outras que já havia sentido em abraços. Mas agora ele teria que partir, e eu que não posso poupar as palavras, mesmo elas sendo extremamente simplórias.
Mandei de mim o meu melhor pedaço, sei que não o terei de volta, mas me agrada saber que não o deixei partir só. (mesmo ele tendo me deixado só).

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Hoje percebo o quanto me faz falta, vejo a realidade na fala dos decadentes, sinto-me em estado mais decadente que o deles, vejo a razão em suas falas, e a falta de lógica na minha incoerencia. Como aquilo me pareceu agradável, como aquele me pareceu detestável, e como eu, aqui, bem mal localizada, desejei aquele que não deseja nem a si mesmo, e ao mesmo tempo quer a todas possuir, da maneira mais baixa e vulgar que se poderia pensar, "então essa é sua concepção de vulgar?" "deixe de falso moralismo minha cara" , "Eu? moralista?"
sigo os padrões conservadores mesclados de um pós modernismo decadente.
Fugir? mas para onde? é só um pouco de falta de sorte, meu bem.
Um dia as coisas se acalmam, um dia aquele abraço terá braços, mesmo não sendo os dos seus obejtos de desejos.
Mas por favor, não se renda as evidencias,e nem a primeira impressão.
Qual outro "caminho" poderia seguir?
Os horizontes não estão mais tão vastos como já foram um dia.
Hoje só resta esse aperto no peito, e a certeza de um desejo incomedido, irremediável e irrealizável.
perdestes todos seus fieis interlocutores, agora é só você e este nó na garganta. Mas não chores, as coisas ou terão seu fim, ou irão se ajeitar,o pulsar do coração mostra que a vida está passando, e eu vou ficando, um dia agente morre e tudo se finda.....
espera-se.
ansiosamente.
com o coração partido.
é passado o tempo de engolir os "nós" da garganta...