fazia um friu insuportável. lá fora caia a chuva enfurecida prometendo vingar-se de qualquer um que tentasse afrontá-la. não havia possibilidade de nenhum dos dois fugir.
o líquido tombado dos copos misturava-se com a cinza dos cigarros. restava ainda na mesa pedaços de um passado passado a limpo. cada minuto fazia-se interminável. o acaso havia condenado os dois a digerirem aquela história frente a frente. qualquer manifestação de desalento seria derramada nos olhos do outro. ela que sempre teve os olhos fugitivos agora o inundava de sentimentos gélidos. ele martirizava-se por tê-la apunhalado com tantas delicadezas e falsas promessas que jamais seriam cumpridas. nada mais se poderia esperar daquela junção de insonias profundas e sonos intermináveis. era o fim das noites de ciclos etílicos bukovskiano.
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