quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Alain Senez





Mas tu
que tens a beleza certa 
dos que jamais serão tomados
pelas mãos da Senhora Maturidade
há de condenar-me
a uma eterna espera
 pela aparição que nunca acontecerá

E Eu, 
que envelheço n'alma,
com a velocidade intensa
semelhante a certeza dessa ausência
que contínua se perfaz 

Anoiteço todas as manhãs por saber-te longínquo

terça-feira, 30 de agosto de 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Saiba que os poetas, como os cegos, podem ver na escuridão. - Chico Buarque


a noite segue quente
irreconhecível
minha alma segue morna
inexpressível

domingo, 28 de agosto de 2011


"E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada" Vinícius de Moraes

a semana que guardou alardeios 
no transcorrer dos seus inesperados entremeios
encerra-se muda
e a necessidade de grito
em meio a tudo o que se silencia
nessas inverdades profundas 
e nesses caminhos tortuosos 
trilhados com palavras sórdidas
e ironias mal faladas e obscuras
desfaz tamanha necessidade de contato
nessa ausência de doçura aguda

e ficam pétalas de rosas vermelhas
espalhadas por entre as páginas inconclusas

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

[eu sou esse vagar leve por entre as palavras
e nunca poderei ser nada de preciso
de conciso e de aprisionável
eu sou esse deslisar livre por entre os versos
e esse fugir brusco daquilo que me sufoca
esse paradoxo inquestionável
de irritar fácil contínuo e indelével
esse cansar de nada e de tudo
de nada esclarecer-se
e de tudo transtornar-se
eu sou essa sua incompreensão 
e essa escolha pelo pisar em espinhos
e por dilacerar as idealizações
e achar que tudo não passa de tolices 
e inverdades dispersas pelo caminho
eu sou esses olhos que me fitam
e essas mãos que me tocam
eu estou nesses olhos que me comem
e nesse corpo que me rejeita]

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


sexta feira chuvosa
o ócio se faz presente
e o discernimento
como sempre
a poucos pertencente
a ignorância manifesta
meus nervos se retorcem
e a paciência se testa

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Que a delicadeza
que reside na pequenez
 das  minhas frágeis minúcias
Ainda me salve!





[o prazer de ver a folha ser preenchida
uma certa psicose mal desenvolvida
que se desenrola de forma deficiente
fora dos padrões de verdades eminentes]

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

marco que define objetivamente a extensão dos meus dias existindo

O dias passam, e algumas idéias não se dissipam 
como era de se esperar com o despertar da suposta maturidade
Ainda sinto o gosto agridoce da falta de compreensão que decorre:
essa insensata conjugação de nossa pequenez e de nossa singularidade

Os dias passam,
e muito do que foi, 
persiste e fica, 
entranhado, 
em todas as manifestações do ser

Elementos autênticos se camuflam em meio a artifícios, 
protegidos para virem à tona refletidamente

Os dias passam,
e o que se é, 
se aperfeiçoa, 
rumo ao nada, 

que é apenas o que inquestionavelmente resta

E fica aquela graça circunstancial 
de fazer-se no mundo,
ainda com as rédeas dessa ação, 

sem pensar que se irá de forma inevitável 
fundir-se a ele no findar do trajeto 
que abrange a todos indistintamente 
desconsiderando nossa singularidade 
e atestando a nossa pequenez

terça-feira, 9 de agosto de 2011






[Senti sua falta por esses dias, saudades de quando olhava em seus olhos e via uma profundidade que não poderia pertencer a qualquer outro, chegando a confundi-los com abismos imperscrutável, ou ao se cogitar a possibilidade de você ter se feito um corpo que sobre a terra paira inabitado.


Com o que foi que preencheu todo esse espaço que lhe separava dos outros?

Tens estado leve ultimamente, assustadoramente leve, arriscaria dizer que tens transmitido certa felicidade, e uma peculiar facilidade de ser, alguma coisa branda tem se misturado a sua aura caótica de outrora.
Estas irreconhecível em sua nova amabilidade,  e preocupante em tais manifestações de  afabilidade, tens me confundido deveras, tens estado doce, mas não posso atestar tais elementos, pois não lhe sei, e é certo que nunca lhe saberei.

 Quando virá o próximo rompante que lhe fará romper novamente os vínculos com sua humanidade?] 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

[Angustiada frente ao que escapa as rédeas que estão sob o meu controle,
 tomo-me pela mão e trilho o meu caminho 
Com a exaustão que só a presença inevitável do outro que não se escolhe é capaz de causar
Camuflo a temeridade e o desgaste que me causam no riso manso e na verborragia


Tremo de pavor frente ao desconcertante estado de inaptidão ao coexistir pacificamente com as amenidade  


Respondo pelos rompantes que escapam ao controle do inconsciente e deixam em evidência o quão vago se fazem 


Por impulso controlo a minha repulsa 
por mero condicionamento ao não estado de surto 
e me preservo ao meu próprio desfrute


Não ei de transbordar


Em prol da causa nobre que é a sanidade








Enlouqueço no espaço pertinente do seu corpo
O desvairo se limita a sua boca
O grito destino aos seus ouvidos
 E a força ao toque em sua pele]

sexta-feira, 29 de julho de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Você me disse que eu sou petulante, né? Acho que eu sou sim, viu? (...)
Você me disse que eu destruo sempre a sua mais romântica ilusão
E que destruo sempre com minha palavra o que me incomodou
Acho que é sim"
Oswaldo Montenegro





[as unhas sempre por fazer era um dos traços que marcava o desleixo que se estendia para tudo aquilo que era objetivamente contemplável. Não era capaz de compreender o mecanismo cerebral daqueles que ocupavam-se das minúcias exteriores, mas ainda assim os apreciava, entretanto não assimilava a possibilidade de tal dispêndio de tempo e fôlego de vida.
Bom era estar ocupando-se da decoração da alma, da elevação do espírito, mesmo não acreditando em nenhum deles.

e acabara por descobrir que isso poderia sim ser apreciado!]

domingo, 17 de julho de 2011

Daquilo que não profiro

Eu tenho estado entre os que fazem silêncio,
não quero deixar transparecer ao mundo o desalinhado pensamento

quando tudo estiver novamente alcançado sua órbita
é possível que eu venha a vomitar por sobre os ouvidos afoitos aquilo que anseiam

Mas agora deixem que eu emudeça
tudo o que eu possa vir a dizer
poderá sofrer reformas num momento breve

E como palavras não aceitam remendos nem retorno
deixe que elas fiquem dentro
deixe que elas adormeçam enquanto não se fazem pertinente em cena

O teatro das palavras não aceita improvisos
e muito menos tolera que se concerte no espetáculo seguinte
o tempo é sempre no agora para o que se diz

....assim como para o que não se diz

há de escolher:
- entre proferir a palavra crua
- ou perder a disponibilidade dos ouvidos

Das palavras que profiro

O que posso lhe dizer
de tudo aquilo que impensadamente eu lhe digo:

- é que me saboto com as palavras...

e elas me ferem tão profundamente
quanto dilaceram as suas expectativas

a extrema acidez com que se mostra
é a mesma que passa por minha boca e deixa rastros.

E fico perplexa com a convengência sonora e prática entre acidez e lucidez

domingo, 10 de julho de 2011

Logo estará tudo no seu lugar... (oriundo de uma confusa tarde de domingo)

Uma gripe forte de tirar o sono
uma solidão de devolver a paz
uma barra grande de chocolate
e uma forma física que não se obterá jamais!

sábado, 9 de julho de 2011

Das pessoas e da solidão



Sentia que era como se as pessoas tivessem medo de encontrar-se consigo mesmas, e toda e qualquer possibilidade de se haver um momento solitário lhes proporcionasse um pânico fóbico de ter que se voltar para as antigas visões de si, ou então se deparar com as atuais formas que se toma frente ao espelho, objetiva e subjetivamente, e ter de ver fluir nos entremeios dos bloqueios que a mente não foi capaz de executar, as projeções que não se ousa expor, e que não se ousaria ser.







"Me mandei pra Curitiba E como eu gosto dessa vida! Ah! Eu sei."
Oswaldo Montenegro, Drop's de Hortelã



Quase dois meses que aqui me encontro, exatos 48 dias em que estive imersa nesses ares completamente diversos daquilo que havia sido toda a minha existência até o presente momento, e sinto-me deveras satisfeita, mesmo que arrebatada por uma gripe interminável, com as pontas dos dedos desagradavelmente geladas, e com uma série de responsabilidades antes desconhecidas, e circunstancialmente negligenciadas, sinto agora brandura morna em minhas entranhas.
Eu que havia me direcionado a esse lugar aos prantos, hoje me faria em lágrimas se tivesse que retornar às origens. Foi como se aqui eu tivesse me deparado com aquilo que há de mais sincero e autêntico na minha essência, e gostado.
 Desprendida de algumas das sufocantes obrigatoriedades humanas, não me assusto mais com a ausência de rotina dos dias, e não mais faço questão de ter os caminhos previamente trilhados para se seguir instintivamente, ver-se livre dos roteiros eternos de folhetins desinteressantes me deu abertura para executar a minha própria tragédia nonsense, e mesmo que para alguns isso possa limitar-se a livros e internet, eu não me debruçaria nesta causa para tentar provar o contrário.
 Existo ativamente se me convier, e se não, não devo a ninguém, além de mim mesma, os frutos podres da minha inércia. E se me interpretarem de maneira simplista, assumo o personagem frente a platéia, camuflo a minha esquisitisse de modo que faça sentido vossas previsões. 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

sábado, 2 de julho de 2011

Completando o período de transição

Comodismo suscita lamento
Eu abdico do meu direito à calmaria
E abarco do novo o seu tormento




Escolher sempre causa certa apreensão, tanto pelo medo do desconhecido que se encontra no caminho em que se é possível trilhar, pelo que as circunstâncias e os anseios aplicados proporcionaram, como pelo medo de ter o espaço conquistado anteriormente esfriado pela ausência do calor do próprio corpo.
 E de fato por um período fica-se desaquecido. Na mudança, no processo de transição, sempre há um espaço de tempo em que se tem que tolerar o frio causado pelo ninho que esfriou por não estarmos mais lá, e pelo tempo curto que ainda não permite que o nosso corpo reconheça a familiaridade e aqueça o novo espaço em que se está. É um período deveras devastador da sanidade, em que a vulnerabilidade mostra-se inquestionavelmente em cena, trata-se do momento em que os ditos "por um triz" ou o "caminhar na corda bamba" se aplica na sua essência, escancara-se cru aos nossos olhos, mostra-se despudoradamente despido e sobre a luz dos holofetes, e não há consolo nem subterfúgios, a resistência frente ao novo, que dói e dilacera a pele ainda acostumada com a corriqueira rotina cotidiana, é o que se tem que digerir antes do usufruto das doçuras futuras....


sábado, 25 de junho de 2011

Há tanto ainda por ser visto, 
e meus olhos permanecem ávidos na busca do desconhecido. 
O desconhecido descobre-se frente a minha existência
E a minha existência despe-se perante o que não sei denominar
O inominável me apetece, mas me cansa deveras
Me restauro na reclusão, alimento da sanidade, 
Não me assusto com o transcorrer do tempo
que ainda não sei se curto, ou se longo em demasia
Fluo pelo meu percurso rumo ao que há de ser
E se houver pressa nos que me acompanham
Ou inércia desmedida nos meus momentos de rompantes

....Continuo só rumo ao nada

"e o homem taciturno ficou imóvel, 
sem compreender nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos."



Mário Quintana

domingo, 12 de junho de 2011

Sendo....

Assusta a velocidade com que as circunstâncias se alteram
O bom de outrora não mais comove no agora
O que antes era desprezo, hoje nutro um frutífero apreço

Por isso não mais me exauto e alardeio os paradigmas
As coisas que passem e fiquem o quanto quizerem
Eu nada mais abraço e nada mais rejeito

Contradições e paradoxos multiplicam-se infindavelmente
E minha inconformidade momentânea que se acerte
no caminho das minhas entranhas até a ponta da lingua,
... e que não ouse saltar!

domingo, 5 de junho de 2011

Talvez eu gostasse mesmo era das janelas
As portas estavam todas abertas
Nada se interpunha a minha possibilidade de atravessá-las
E o mundo se anunciava com cores convidativas
Em placas luminosas a vida vendia seus inúmeros atrativos
Uma série de  prazes fáceis e acessíveis

Mas talvez eu gostasse mesmo era das janelas
Ficar aqui debruçada vendo o mundo passar
Voltada para a luminosidade do meu mundo interior
Contemplando as intempéries decorrentes do abismo de me ser
Nada aparente na superfície
Algo que nenhum olhar raso desmistifique
Oscilando entre o prazer e a angústia de ser imperscrutável

sábado, 4 de junho de 2011

"Trocando em miúdos pode guardar as sobras de tudo que chamam lar, as sombras de tudo que fomos nós... as nossas melhores lembranças"

meus pés estavam demasiadamente gelados

era preciso cautela e controle
 para que o coração também não gelasse
as gavetas que guardavam as meias da subjetividade 
quando encontradas
só se abriam com muito custo


pensei ter ouvido a voz de minha mãe chamando pelo meu nome
o devaneio doce de uma realidade improvável, 
não me desloquei em busca da verificação 
o que outrora surgiria como reflexo
hoje aparenta uma elucubração tomada pela ingenuidade
de uma prolixidade  vazia e desprovida de nexo
ninguém haveria de me chamar

quarta-feira, 1 de junho de 2011

"Tá fazendo frio neste lugar, onde eu já não caibo mais... e já não caibo em mim"


Acordo deslocada,
a perplexidade não me permite caber em mim

Recordo que a realidade é mutável
e encontro acalanto naquilo que vejo transbordar

estranho tudo o que existe ao meu redor
quero correr dessa estranhesa

mas o que ficou
de tudo que foi deixado
perdeu os ares de porto

e aqui é a minha parada
naquilo que não entendo
em tudo o que possivelmente nunca se esclarecerá

na incerteza mágica que me sufoca
na certeza amarga das linhas tortas
na tortura da lentidão e do frio do passar das horas

uma música agradável adentra os meus ouvidos
um som impertinente vindo de fora insiste em competir
e a contrariedade que confunde,
minhas sensações obscuras difunde

um gosto doce sobe das entranhas
as sensações contraditórias se fundem
a satisfação do afeto compartilhado
e a frustração do prazer inconcluso

TRANSBORDA A MINHA PERPLEXIDADE

terça-feira, 31 de maio de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Do que não deveria ser dito...

O mais decepcionante de tudo aquilo era que todas as pessoas firmavam-se na vida defendendo algo. Havia sempre alguma mensagem, nem sempre tão subliminar como deveria, ou como o bom senso sugeriria, ou até mesmo como o interlocutor gostaria, por traz de tudo aquilo que estavam dizendo ou fazendo, e eu sentia um prazer tão imensurável de contrariá-las, poder olha-las e encher a boca com o meu famoso "não concordo", era um dos prazeres pacaminosos que eu costumava acariciar para me manter existindo. E o que eu queria de fato não era convencê-los de seu falso ativismo, ou de que suas ideologias pouco (ou nada) fundamentadas não passavam de um credo fajuto, eu acreditava realmente na possibilidade redentora de ser convencida de algo. Mas ahhhh, como eram fracos os argumentos, pobres os discursos, tudo demasiadamente corriqueiro, todos absurdamente banais. E eu seguindo a cada dia mais cética e só...

domingo, 29 de maio de 2011

Álvaro de Campos

Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
E tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.

DEVANEIOS TOLOS

Tem se tornado idéia fixa a minha insistência em dizer que a vida é estranha.
Contudo, o que tomo como normalidade para atestar a estranheza da vida?
O que conheço da estranheza para atribuí-la a algo?
E o que, mais ainda, conheço da vida para adjetivá-la tão enfaticamente?
Estaria eu me aproximando do sentido verdadeiro daquilo que outrora observava de longe e chamava de vida?
Ou identificando a verdadeira personificação da estrenheza naquilo que executo como vida?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

"Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."



[Caio]

FATO

" Não gosto é quando pingam limão nas minhas profundezas e fazem com que eu me  contorça toda"


(Lispector, Água Viva - p. 31 - 7ª ed. Nova Fronteira )

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Das descobertas inéditas... [e do abuso descarado do pleonasmo]

O meu jeito era ser só. Havia habilidades naturais que me associava a tal característica. Aquilo que outrora amedrontava, agora parecia me cair maravilhosamente bem, por alguns segundo houve paz nessa falta de familiaridade. 
Tornar-se um sujeito estranho, solitário, alheio aos arredores, ainda que temporariamente. 
Havia certa graça, certo prazer e contentamento nessa condição que escolhera, depois abdicara, mas que por fim colhera.

Era estranho ver-se só, absolutamente só, pela primeira vez, o que antes seria separado apenas por uma parede, alcançado com a mesma facilidade do emitir um grito de desespero, agora faz-se milhas de distância, que possivelmente ultrapassara a esfera espacial para se tornar um muro psicológico intransponível. 

[Pela primeira vez Clarice fez sentido objetivamente ao dizer: "Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar".]
Tragando emoções dilacerantes
Vomitando palavras desconexas 
Tentando me manter lúcida

Cercada pelo que há de novo
Assombrada pelo que há de remoto
Removo os bloqueios 
... e sigo!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Algumas constatações deveriam ser bloqueadas automaticamente pelo cérebro, em prol da nossa saúde mental. Mas invariavelmente não são. Ao contrário daquilo que necessitaríamos, é justamente nos momentos mais inoportunos do percurso existencial, onde seria necessário sublimar, abstrair, que tais elementos propulsores  das válvulas conclusivas, que passam boa parte da nossa estadia como viventes desativado, surgem energicamente.

Eis que me encontro em um fim de ciclo, tentando assimilar tudo o que for possível dentre os elementos que se fizeram substanciais na fase que encontra-se sendo superada, ou então, buscando um viés de observação otimista, fase que encontra-se sendo substituida pelo iniciar inevitável de um novo ciclo. Dessa forma, os olhares se voltam nostalgica analítica e saudosamente para tudo aquilo que foi ficando pelo caminho. 

Depois de um longo processo de construção de relações, vínculos, desafetos, eis que definitivamente encontro-me partindo. Diferente das outras vezes, e sem nenhum teor de drama ou lamentação, dessa vez para não mais voltar.

Ok, até então, saudável e passível de assimilação!

A questão descabelatória fez-se da seguinte maneira. Supondo que você passe um período de tempo notável dividindo o mesmo ambiente com um determinado grupo de pessoas, que você imagina ser conhecedor ao menos dos aspectos elementares do seu ser. Imagina-se como um exímio suicida super sincero das relações sociais, sem titubear ao expor os comentários  e opiniões que são solicitados, sem medir o grau de antipátia dos mesmos.  E justamente quando você está de saída, passando possivelmente última vez  pela porta em que corriqueiramente cruzava 'n' vezes ao dia, recebe um presente revelador que o leva do céu ao inferno num tempo incalculável de tão breve: Um livro dos Augusto Cury.

 Sim, esse mesmo, justamente esse que cultivo o hobbie agradabilíssimo de criticar. 

A princípio, ao ver que o presente tratava-se de um livro, a primeira idéia que surgiu foi: "Bahhh, todo esse tempo foi o bastante para esses caras me sacarem com precisão, afinal, o último ser a partir foi agraciado com um objeto proveniente dos desejos fúteis que nos toma!", e que sorriso largo botei no rosto! Mas, por mero padrão de comportamento, as coisas desandaram quando meus olhos identificaram a 'preciosidade' com que estava sendo agraciada. 

Sim, um livro do Augusto Cury. E se isso não fosse o bastante (como nunca é), não se tratava simplesmente de tal. O conteúdo do livro, exatamente, o conteúdo do livro completou por absoluto a fatalidade: "Mulheres inteligentes, relações saudáveis", e como golpe final e fatal, o título da receita do bolo, quer dizer, do livro, vem com o complemento: "O livro que toda mulheres deveria ler antes de se relacionar".

Como condicionamento proveniente da minha elegância e gentileza, o sorriso continuou, mas a testa franziu em nome da minha sinceridade incurável.

E as perguntas se multiplicam ad infinitum desde então!
Afinal, transmiti uma imagem assim tão confusa a ponto que deixar brecha para que talvez tal leitura fosse capaz de me apetecer? Eu estava sendo sutilmente provocada? O responsável por comprar o livro seria um leigo absoluto em literatura? etc, etc...
Possivelmente morrerei na dúvida.

terça-feira, 24 de maio de 2011

“Me escondo dessas tuas histórias que me enredam cada vez mais no que não és tu, mas o que foste. Tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno, veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar por inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizado do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu. Tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao longo deste tempo…” 
                                                                                                       

- Caio Fernando Abreu.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

De volta à velha cumplicidade...

Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija
!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Busca Vida

"Se for mais veloz que a luz,
então escapo da tristeza
Deixo toda a dor pra trás,
perdida num planeta abandonado no espaço.
E volto sem olhar pra trás"

terça-feira, 10 de maio de 2011

Clarice Lispector - Aprendendo a Viver

"Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa”.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Susan Sontag (1933-2004)

"Amar magoa. É como se oferecer para ser esfolada, e sabendo que a qualquer momento a pessoa pode simplesmente ir embora levando sua pele"

domingo, 8 de maio de 2011

saudade do futuro que não houve
aquele que ia ser nobre e pobre
como é que tudo aquilo pôde
virar esse presente podre
e esse desespero em lata?

pôde sim pôde como pode
tudo aquilo que a gente sempre deixou poder
tanta surpresa pressentida
morrer presa na garganta ferida
raciocínio que acabou em reza
festa que hoje a gente enterra

pode sim pode sempre como toda coisa nossa
que a gente apenas deixa poder que possa.



Paulo Leminski

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Das idéias fixas

Talvez eu tanto as deteste
em semelhante proporção
justamente pela característica que compartilham:
serem irresistíveis e estarem presentes
no desenrolar da mais ínfima e simplória ação
Eis o  ponto que tropeço
e confirmo meus equívocos
ao mesmo tempo em que vos digo
e ponho meu segredo em risco
Elas surgem zombeteiras,
com porte impecável de vitória
e rompante de riso
das minhas palavras simplórias
não deixam a poeira se assentar em seus ombros
 em razão do desuso
não se inibem frente a possibilidade de inconveniência,
e certeza de abuso
Suas idéias claras e sua graça
seguem fazendo escravos:
Tanto as Rimas Primárias,
quanto a Metáfora!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ahhh, os Humanos!

Essa característica grotescamente humana,
que é a necessidade de reconhecimento

Que nos despudora, e invariavelmente aprisiona
ainda irá nos proporcionar um sufocar lento e torturante

 Em prol desse elemento obscuro
 há de se chafundar na frustração degradante...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Paulo César Pinheiro - Soneto do mar corrente ou do amor trágico

Chegaste estrela, foste a mais cadente
No mar corrente desta vida errante.
E em meu semblante há muito descontente
Se fez presente então paixão gigante.

Chegaste estrela, foste a mais brilhante
No mesmo instante em que fiquei contente.
Foste inocente como a flor flagrante
E foste amante por amor somente.

Chegaste estrela, foste a mais ardente
E de repente foste a mais distante
Na variante de um amor poente.

Partiste estrela, na maré vazante
E eu de amante me tornei descrente
Tragicamente, amor, tragicamente...

Stojan Milanov

domingo, 1 de maio de 2011

Neste domingo de sol e de júpiter estou sozinha em casa. Dobrei-me de repente em dois e para frente como em profunda dor de parto. Nunca esquecerei esse domingo sangrento. Para cicatrizar levará tempo. E eis-me aqui dura e silenciosa e heróica. Todas as vidas são vidas heróicas.



                                                                                                                             ...Clarice Lispector

Joana Maria Guimarães

Sempre há uma ausência
presente
na sala de visitas

no dormitório
em cada pequeno pedaço
da colcha de retalhos
sobre a cama
Porque
(qual o por quê?)
os dias construídos com tijolos
de distâncias
fraturas
e à janela um olhar passeia
sempre à procura

Mia Couto

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.

MARCIN ŚWIETLICKI

FUMANDO
Pergunto: porque é que os não fumadores
sobem sem escrúpulos aos compartimentos
para fumadores? Porque querem impôr-se? Porque
parecem sempre nauseados?

Cigarro, meu velho amigo.
Passei contigo mais tempo do que com qualquer outro.
Estamos-nos a destruir mutuamente, num cordial
compromisso.

Pergunto: porque não apreciam
a nossa solidão,
o nosso valor ingénuo, nosso
fogo, cinza?

(Tradução por Maciej Ziętara e Maurício Barrientos, incluida no livro “101 [6 poetas polacos contemporáneos]”, RIL Editores, Santiago do Chile, 2008)

Vontando para caverna?

Regresso agora às palavras
esse antifício de antigamente
que se renova
de acordo com as necessidades
 mutável
Porto
Conforto
Onde me reporto
ao inacessível de mim
Onde cuspo
o que ao outro se faz desintessante
E me desintegro
 em frases sem rima
Linhas sem ritmo e sem métrica
Assim como me faço deveras...

sábado, 30 de abril de 2011

Com o corpo todo à espera
silencio a vontade
de me aproximar, viver.
Respiro a humidade
do nevoeiro, sempre à espera.



JOÃO BORGES

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Lúcio Cardoso, Diário Completo

"23 de agosto 1954

A impossibilidade de organizar de pronto a minha vida leva-me ao desespero de ontem; sob um dia cinzento e chuvoso, passei horas e horas inteiramente inúteis, distanciado de qualquer sentimento calmo e sensato. A mesma ronda de bares, o mesmo desperdício de energia, o mesmo sono pesado e sem horizontes para acordar hoje com o coração transido de remorso e um grande sentimento de culpa.

Não, a vida assim não é possível. Há muito compreendi isto, e querer continuar esta ilusão de fuga, é nadar em vão num charco de águas lamacentas. O remédio é a paciência, mas de todas as qualidades que me faltam, esta é sem dúvida a de mais alto coeficiente. Tenho de aprender primeiro a saber o que é a paciência e depois a empregá-la com resultados positivos - este é o único meio de levar a cabo o plano que tracei e do qual dependem as únicas coisas que para mim contam nesta vida."

- Cicuta, por favor!

abraçando-a,
era a mim que eu buscava confortar
numa tentativa desesperada
de me conceder o que outrora precisava
e que me foi negado impiedosamente

... mas o vazio seria eterno

as brechas deixadas no peito
as fendas abertas nos sentimentos
a brusca afetação dos sentidos
que se fere ainda mais pela omissão
faz-se irremediável

e a ferida se eterniza
aberta para posteridade

terça-feira, 26 de abril de 2011

Nuno Júdice, in "A Fonte da Vida"

Eu, sabendo que te amo,
e como as coisas do amor são difíceis,
preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez, uma hipótese
de entendimento.
É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Se eu lhe dissesse das sombras que cobrem os meus dias,
e lhe mostrasse a obscuridade que inebria os meus sentidos
e me desfaz em lampejos e rompantes de lágrimas gélidas 
por vezes de excesso de lucidez na clareza das poucas, mas ocorrentes epifanias,
e por vezes de medo do caos que me causa a dúvida
essa que eu mesma tenho alimentado no meu exercício de existir 

Como me vês...
agora?
e como me veria...
se houvesse outrora?

Se não eu engasgo

a existência,
 essa tramóia de acaso
 destino
e forças metafísicas
 pouco aceitáveis como consolo
por vezes nos transmite o embuste
da delicadeza confortante das efemeridades
e invariávelmente,
 fora os pequenos intervalos das agradabilidades afáveis
nos arde a pele e a alma
em meio aos espatifos
dos pedaços que se dissapam
com os inevitáveis tombos
que nos fazem em retalhos humanos
a ser reconstruidos em busca de novos confortos

domingo, 24 de abril de 2011


"A livraria Bertrand do Chiado, em Lisboa, está de portas abertas desde 1732 e é o estabelecimento livreiro mais antigo em todo o Mundo. Ao longo dos anos, a livraria Bertrand tem sido retiro de escritores e refúgio de revolucionários. As histórias são muitas, nomeadamente as que envolvem conspiradores republicanos. José Fontana (que se suicidou no interior da loja), Antero de Quental e Aquilino Ribeiro são alguns dos “fantasmas” cujas sombras permanecem vivas no interior da Bertrand." 



( Disponível em http://ebooksgratis.com.br/informacao-e-cultura/curiosidades/curiosidades-livraria-em-lisboa-e-a-mais-antiga-do-mundo-desde-1732/, acesso em 24/04/2011)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

E o pior é que chamamos liberdade
a um tapete que, rolante, já não ouve
a opinião dos nossos pés; que nos leva
para onde e anuímos, alheados,
aos mecânicos desígnios do terror.

Respiramos cadeados, consumimos injustiça,
damos duas várias voltas ao risonho torniquete
que nos serve de chapéu; trocamos a cabeça
por um prato de aspirinas. Os clássicos da vida
sem tristeza nem remorso
(Cinderela,

Varadero, off-shore) iluminam o cenário
em que dormimos, inocentes como balas
e nem sei como não somos mais felizes.
As rémoras, os ogres, os deuses mais bonitos,
velam nossa carne como grifos educados.

O tratado das sementes, o saber do lenhador,
queremos lá saber de quem é pobre como nós.
Confiados ao acaso, disputamos amuletos,
reforçamos sob os pés a solidez do desacerto,
colocamos outra pedra no sapato.

Para o centro do inferno dirigimos
este filho, o filho deste carro,
cativados pelo direito conquistado
de entregar os nossos dias, como rezes,
ao cutelo de despachos infiéis.

Neste cerco, viver é uma questão
de prorrogar o desalento, de iludir
o infortúnio: cerramos uma porta suicida,
desatamos a gravata, ficamos satisfeitos
quando o gelo, na bebida, é de boa qualidade.

Se olhamos para o chão desaparece
o horizonte; se olhamos para o céu
ficamos sós. Não percebo como rimos
quando pedem que posemos para a foto
de família. Alguém nos enganamos.

Confundidos pelo surto de mentira,
leiloados pela última hipnose,
enxertados no pedúnculo da morte,
semi-envergonhados, de sorriso padecido,
dizei-me se este rosto de cartão amarrotado,
se esta alma como um campo pedregoso,
se estes pés adaptados ao espinho,
se isto que nós vemos é um homem.

José Manuel Silva

Casimiro de Brito

Tu
que não cabes em casa nenhuma
tu
que vais leve como as nuvens
no outono
habitas em mim e ouço
o teu perfume a tua
respiração
nas rosas que se abrem
e dissipam
no meu poema.

Virginia Kent and Peggy Leaf - Informal Daywear by Lelong - 1934

mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do
deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e
dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração,
ou onde o medo tem a precariedade doutro corpo.
a dor de todas as ruas vazias.

(...)

os poemas adormeceram no desassossego da idade.
fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais
curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me
as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas. ..e
nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e
a alma esburacada por uma agonia tamanho deste mar.

a dor de todas as ruas vazias.

Al Berto
A morte e a vida morrem
e sob a sua eternidade fica
só a memória do esquecimento de tudo;
também o silêncio de aquele que fala se calará.

Quem fala de estas
coisas e de falar de elas
foge para o puro esquecimento
fora da cabeça e de si.

O que existe falta
sob a eternidade;
saber é esquecer, e
esta é a sabedoria e o esquecimento.


Manuel António Pina

O Mundo Está Prestes a Rebentar

Não olhes.
O mundo está prestes a rebentar.
Não olhes.
O mundo está prestes a despejar a sua luz
E a lançar-nos no abismo das suas trevas,
Aquele lugar negro, gordo e sem ar
Onde nós iremos matar ou morrer ou dançar ou chorar
Ou gritar ou gemer ou chiar que nem ratos
A ver se conseguimos de novo um posto de partida.


Harold Pinter

Das irrefutáveis lições de sabedoria... [aplicável mansamente?]

Aprendi com as primaveras a me deixar cortar...
e voltar sempre inteira e renovada!

 
 
 
Cecília Meirelles

terça-feira, 12 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

aos poucos
rasgo o espelho da memória.
redesenhando novos traços
esculpidos em voo livre
sob a estrela que roubei
num olhar moribundo.

aos poucos
enterro o coração de papel.
esmagando na poeira do vento
as palavras negadas.

Ana Barros

terça-feira, 5 de abril de 2011