Oswaldo Montenegro, Drop's de Hortelã
Quase dois meses que aqui me encontro, exatos 48 dias em que estive imersa nesses ares completamente diversos daquilo que havia sido toda a minha existência até o presente momento, e sinto-me deveras satisfeita, mesmo que arrebatada por uma gripe interminável, com as pontas dos dedos desagradavelmente geladas, e com uma série de responsabilidades antes desconhecidas, e circunstancialmente negligenciadas, sinto agora brandura morna em minhas entranhas.
Eu que havia me direcionado a esse lugar aos prantos, hoje me faria em lágrimas se tivesse que retornar às origens. Foi como se aqui eu tivesse me deparado com aquilo que há de mais sincero e autêntico na minha essência, e gostado.
Desprendida de algumas das sufocantes obrigatoriedades humanas, não me assusto mais com a ausência de rotina dos dias, e não mais faço questão de ter os caminhos previamente trilhados para se seguir instintivamente, ver-se livre dos roteiros eternos de folhetins desinteressantes me deu abertura para executar a minha própria tragédia nonsense, e mesmo que para alguns isso possa limitar-se a livros e internet, eu não me debruçaria nesta causa para tentar provar o contrário.
Existo ativamente se me convier, e se não, não devo a ninguém, além de mim mesma, os frutos podres da minha inércia. E se me interpretarem de maneira simplista, assumo o personagem frente a platéia, camuflo a minha esquisitisse de modo que faça sentido vossas previsões.
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