O mais decepcionante de tudo aquilo era que todas as pessoas firmavam-se na vida defendendo algo. Havia sempre alguma mensagem, nem sempre tão subliminar como deveria, ou como o bom senso sugeriria, ou até mesmo como o interlocutor gostaria, por traz de tudo aquilo que estavam dizendo ou fazendo, e eu sentia um prazer tão imensurável de contrariá-las, poder olha-las e encher a boca com o meu famoso "não concordo", era um dos prazeres pacaminosos que eu costumava acariciar para me manter existindo. E o que eu queria de fato não era convencê-los de seu falso ativismo, ou de que suas ideologias pouco (ou nada) fundamentadas não passavam de um credo fajuto, eu acreditava realmente na possibilidade redentora de ser convencida de algo. Mas ahhhh, como eram fracos os argumentos, pobres os discursos, tudo demasiadamente corriqueiro, todos absurdamente banais. E eu seguindo a cada dia mais cética e só...
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