quarta-feira, 26 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
E eis que me pergunto:
Ele se demonstra tão atraente pela voz mácia que invade o campo auditivo, pelo cheio de maturidade que invade do campo olfativo, ou pelos olhos azuis-quase-cinza que emanam a seriedade mais incoerente já constatada, olhos esses que simbolizam o inverno ao serem focalizados juntamente com os cabelos cobertos de neve, ou seria aquela maneira peculiar de ver as horas no seu relógio de bolso, que dá a ele um ar ainda mais arcaico, como se tudo que ele levasse consigo fossem velharias raríssimas. Pode ser que haja alguma relação com as sutis demonstrações da ironia mais fina e doce já expressa, ou será simplesmente por que meu cerebro o vê como a materialização do outro que meus olhos não alcançam?
sábado, 15 de março de 2008
quarta-feira, 12 de março de 2008
quarta-feira, 5 de março de 2008
Os movimentos estudantis que surgem no seio da universidade encontram-se absurdamente descaracterizados e desprovidos de seriedade, se os representantes dos mesmos prezassem realmente com tanta convicção pela permanência e efetividade das conquistas políticas e sociais adquiridas em um longo processo histórico, ao supostamente reivindicarem pela efetivação da democracia provavelmente manteriam a civilidade e fariam o máximo para expor-se de modo minimamente formal.
Fazendo uma análise geral que quem são os estudantes que se vinculam a esses grupos, logo é perceptível o baixo nível intelectual, e para constatar essa característica nem sempre é necessário estar dentro da universidade.
Deparar-se com faixas e cartazes por todo campus de uma universidade propondo "Paralização das atividades acadêmicas" já é um fato que diz por si só.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Não seria por menos, segundo a definição da palavra, fica evidente que não se passa por tal situação ileso:
Rejeição: ato ou efeito de rejeitar; repulsa
Rejeitar: lançar fora; expelir; vomitar; repelir; recusar, negar; desaprovar; desprezar.
Para consolo dos mais sensíveis, a palavra rejeição não tem sido usada com muita frequência de forma brusca, devido a sugestão de hostilidade que o conceito tráz consigo, então dificilmente alguém irá dizer de forma explicita:
_ Você está sendo rejeitado!
Para isso foram inventados os eufemismo, para que você não seja "expelido", "vomitado", "repelido", "recusado" e todas as outras derivações da palavra, o máximo que irá ouvir será um:
_Você não é apto para (...)
_ Você não possui o perfil que estamos procurando.
Se é que isso serve realmente de consolo.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Tolerar, respeitar, ter noção consciente que as diferenças existem sem tentar catalogá-las como melhores ou piores é aceitável, mas isso não implica necessariamente que deva existir uma convivência com seres de "ideologias" incompatíveis, forçar convivência é nauseante.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
(Carlos Drummond de Andrade)
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Poucas chances,
Poemas experimentais,
Filosofia existencial,
Novas velhíssimas canções,
Alguém que muito te gosta,
Mas que te causa repulsa,
Alguém que você gosta mas que diz:
Você é interessante,mas não estou interessado,
Ah! a eterna quadrilha de Drummond...
Sessão de cinema,
Vinho tinto,
Um disco novo daquela banda,
Eh! quem sabe as coisas melhorem...
Acho que Nietzsche tinha razão quando disse que Deus está morto.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Alice Ruiz
Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Lembro daqueles dias de caos quando demonstrávamos ao mundo toda a nossa incoerência, e que por ser a idade das máximas manifestações de tolices, nem nós notávamos o quanto tudo aquilo não fazia o mínimo sentido, e nem os outros conseguiam perceber a falta de lógica, mas por ser aquela fase também a que dava inicio as percepções mais apuradas, tanto nós como eles tinham a certeza de que algo ali estava errado. Nós respondíamos a isso perpetuando aquela atitude insana, e eles a respeitavam como se fosse um ritual sagrado.
Foi um ano de tentativas arriscadas, queríamos sustentar um mundo inteiro em um tripé onde cada perna possuía uma altura diferente, e só quem já teve o desprazer de tentar se equilibrar em uma cadeira de três pernas, sabe o quanto o trabalho é árduo. Mas as circunstancias nos levaram a forçar essa união, e quando demos por si já não estava mais em tempo de ativar o campo de retração, o vinculo havia sido formado.
O ritual aos poucos foi se tornando sagrado. De segunda a sexta, lá estávamos nós, o que dava marco ao inicio do ritual era o tocar do sinal que anunciava o termino da aula, e o fato do nosso lugar ser estrategicamente localizado ao lado da porta nos garantia que saíssemos primeiro. Tinha-se algo que compartilhávamos ,o pânico do corredor no inicio e no final da aula. Os meninos do ultimo ano, na tentativa de firmar sua imagem de suposta superioridade, alinhavam-se encostados na parede, uma fila de ogros de cada lado, e quando os nerd’s, cdf ‘s e afins por ali passavam, eram feitos de bolas humanas, sendo literalmente arremessados de um lado para outro, com as meninas era diferente, aquele era o momento de cortejo, no momento em que as moças por ali passavam a animalidade era até amenizada. Mas conosco a atitude era outra, o espaço era aberto de modo que pudéssemos passar sem ser interrompidas, os mais ousados faziam sinais de educação com os olhos, mas mantendo sempre atitude de reverencia e respeito, fatos estes que indago o motivo até nos dias de hoje, mas estou quase certa de que era porque nossos atributos físicos não contribuíam.
Como havia dito, sempre éramos as primeiras a sair no termino das aulas, e eis que tinha inicio o ritual. Eu, a passos largos ia ao encontro de minha bicicleta, a moça dos cabelos roxos sempre tinha algum caso pendente com algum bípede do sexo oposto para resolver, a outra, a mais imponente entre nós, era quem garantia que o ambiente do nosso ritual fosse mantido desocupado. E em questão de minutos lá estávamos nós, a posição era sempre a mesma, eu e a moça imponente de um lado e a moça dos cabelos roxos do outro, e nossas pernas no meio do caminho impedindo a passagem de todos – ou quase todos -, aquela esquina havia se tornado o comitê dos nossos encontros e debates. Primeiro esperávamos todos saírem, havia certa glória em ver aquelas pessoas pelas quais nutríamos uma antipatia desmedida terem que desviar seus caminhos pela rua, e chegávamos a cogitar possibilidades de nos aproximarmos dos que ousavam pular nossas pernas, de fato nunca nos aproximamos – com exceção do caso Lasek Junior - , mas apesar de mantermos distancia, os ousados ganhavam nosso respeito, alguns até conseguiram fazer com que tirássemos as pernas no caminho para que pudessem passar, mas foram raros. O ultimo a passar era sempre o admirável professor de química, eu e a moça imponente o víamos como modelo de homem ideal - apesar da química -, a moça dos cabelos roxos naquela época já se livrava dos últimos parâmetros de seletividade que lhe restava, e nesse caso, o via como ideal pelo simples fato de ser homem.
Quando percebíamos que nada mais iria interromper iniciávamos a conversa, cada assunto era discutido em seus pormenores, nunca saímos de lá sem antes tomar inúmeras decisões, que a cada dia se alteravam substancialmente, íamos de suicídio a casamento - que dá quase na mesma – de futilidades a situação monetária do país, discussões filosóficas quase sempre fomentadas por aquela professora principiante que só eu e a moça imponente ouvíamos, nos torturávamos a cada dia que passava com a tão difícil escolha do curso para o vestibular, e tantas outras irrelevâncias.
Como era de se esperar, o desequilíbrio só poderia resultar
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Preferia não pensar tanto assim em você, mas meu lado humano-fraco-e-imerso-no-sentimentalismo-barato impede que a racionalidade atue nesse setor. O afeto que há em mim, que só se manifesta em/para ocasiões/pessoas especiais, costuma ser muito atencioso com o meu estado psicológico, predominantemente perturbado; quando ele nota o quão feliz me faz uma existência tão humana e complexa, de imediato ele ocupa as vias centrais dos meus pensamentos e busca espaço para a expansão desse sentimento benévolo. E o sentimento brando e carinhoso por ti insistentemente cresce a cada dia.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
sábado, 9 de fevereiro de 2008
A preocupação em relação a escassez dos recursos naturais tem feito surgir ditos preparados pelos meios de comunicação para disfarçar as verdadeiras causas e culpados da degradação ambiental, por pouco não se é levado a crer em coisas do tipo : 'Somos todos responsáveis', 'Só depende de nós salvar e preservar a natureza'.
Ora, deixemos de ingenuidade, estratégia antiga essa de deixar sujeitos indefinidos em frases, quem são esses 'todos' e esses 'nós' de quem depende os seres viventes?
A humanidade inteira paga as consequências da ruína da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da agua, dos distúrbios do clima. Mas as estatísticas confessam e os números não mentem: os dados, ocultos sob a maquiagem das palavras, revelam que 25% da humanidade é responsável por 75% dos crimes contra a natureza.
Fazendo uma comparação entre as médias do norte e do sul, cada habitante do norte consome dez vezes mais energia, dezenove vezes mais alumínio, quatorze vezes mais papel e treze vezes mais ferro e aço. Cada norte-americano lança em média no ar, vinte e duas vezes mais carbono do que um hindu e treze vezes mais do que um brasileiro.
As empresas que mais devastam o planeta, são as que mais dinheiro ganham, e também são as que mais gastam em publicidade, que milagrosamente transforma a contaminação em filantropia.
Fiquem a vontade com suas atuações, o monopólio já está conquistado, a população já se tornou povo, a humanidade já está massificada, mas poupem os ouvidos daqueles que são ao menos um pouco esclarecidos de tanta hipocrisia, definam os sujeitos, por favor.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Sairia em busca de remédios para o tédio, talvez chegasse a me render aos ópios habituais, poderia ingerir doses daquelas formulas mágicas que derrubam os muros do bom senso, ou então tragar aquilo que caracteriza um jovem do século XXI, me juntar aos modernos em seu ‘intercambio cultural’ orgiástico, deliciando-me com tantas presenças pornográficas fabricadas por encomenda. Eu gritaria meus ódios aos ouvidos presentes, cairia no riso junto com eles, participaria ativamente dos diálogos verborrágicos , zombaria de deus, clamaria por deus, cuspiria nos pés dos ateus que ali se encontrassem, carimbaria seus passaportes para o inferno, daria minhas gargalhadas reprimidas na face dos cristãos hipócritas, esfregaria em suas faces a verdade da impureza universal, faria deles motivo das mais cômicas chacotas.
Depois correria até o altar acenderia duas velas, uma para deus e outra para nietzche e voltaria em meios aos mortais, tão pura quanto antes.
Mas a situação ainda não pede medidas drásticas, apesar de a noite estar quente demais, da mediocridade estar presente, do tédio não dar trégua, do fracasso bater a porta, e da solidão estar aqui sentada ao lado com eu sorriso cínico e com aquele ar de superioridade que só é permissível aos vencedores, vendo as letras aparecer na tela vagarosamente devido à presença da delicada preguiça que se encontra deitada na cama ao lado.
Céus, eu deveria rezar, se restasse fé, ou então eu poderia agir em uma espécie de reflexo condicionado místico e ao menos acender uma vela, mesmo sem fé nenhuma. Ou então eu poderia acender apenas um cigarro, ficar nas drogas licitas, colocar uma musica qualquer cheia de melancolia, e bancar o artista americano em mais uma cena deplorável que algum crítico bem pago e mal intencionado chamaria de arte; mas só um completo idiota ou alguém totalmente perdido sentiria qualquer espécie de animação em tal atitude, e acho que ainda não me transformei em uma completa idiota.
Mas também não poderia ficar esperando o ‘deus acaso’ virar as paginas do seu roteiro chatíssimo e me mostrar a nova cena onde eu provavelmente ainda estaria chafurdada no pântano da depressão.
Vamos à vida, menina, mas sem exageros, doses homeopáticas de decadência diária mantêm o homem vivo.