Pobre animal humano que tem como marca
primordial de sua racionalidade a necessidade grotescamente ridícula e
irritante de reconhecimento.
Ridícula pela negação persistente
da própria condição medíocre e angustiante da matéria da qual é composto, e das
manifestações irrisórias de nossas virtudes, que além de poucas e parcas, são
precárias, dissolvem-se com o passar dos dias no percurso da existência.
Irritante por tratar-se de uma
exposição de egos; e um ego nunca está verdadeiramente disposto ao árduo
trabalho de receber e digerir as manifestações egoisticamente egóicas do outro.
Históricas batalhas de exposição de si; poucos holofotes para tantos supostos
seres dignos de receber um foco de luz.
E a aceitação da insignificância
tarda, e quando chega, pena-se para viver e procrastina-se de maneira
perturbadora para morrer, perdurando a indignidade de tudo que há de humano.