sábado, 21 de julho de 2012

PEQUENO TRATADO COTIDIANO ACERCA DA HUMANIDADE IV


Pobre animal humano que tem como marca primordial de sua racionalidade a necessidade grotescamente ridícula e irritante de reconhecimento.
Ridícula pela negação persistente da própria condição medíocre e angustiante da matéria da qual é composto, e das manifestações irrisórias de nossas virtudes, que além de poucas e parcas, são precárias, dissolvem-se com o passar dos dias no percurso da existência.
Irritante por tratar-se de uma exposição de egos; e um ego nunca está verdadeiramente disposto ao árduo trabalho de receber e digerir as manifestações egoisticamente egóicas do outro. Históricas batalhas de exposição de si; poucos holofotes para tantos supostos seres dignos de receber um foco de luz.
E a aceitação da insignificância tarda, e quando chega, pena-se para viver e procrastina-se de maneira perturbadora para morrer, perdurando a indignidade de tudo que há de humano.

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