quinta-feira, 29 de setembro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"A vida está cheia de segundas-feiras"

[Anoitece em mais um dia em que não haverá nada para futuramente despertar o meu espírito de saudosa nostalgia. E a vida acontece nos entremeios desses dias de corriqueirices, que por sua facilidade de fluência, imperam em sua maioria. E tudo não passa de um amontoado de acontecimentos cotidianos insossos e medíocres, uma interrupção inconveniente das minhas ilustres noites de sono]

George Holz

sábado, 24 de setembro de 2011

E todo mundo é ninguém

Além das estatísticas
faz-se incontável
a quantidade de seres
incompreensivelmente a vagar

Corpos inanimados que transitam
uma infinidade de matéria orgânica
imersos em suas redomas
levando vossos egos pelas ruas

Suas particularidades dissolvidas
por aquilo que os fazem iguais
egos que se cruzam e não se notam
egos que atravessam as esquinas

Em total desimportância
todos irrelevantes
por conta daquilo que os fazem iguais
Ninguéns que se trombam

E todo mundo é ninguém

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"Só quando se passa alguns meses sem ler os jornais e depois se leem todos em conjunto é que nos damos conta do tempo que perdemos com essa papelada. O mundo andou sempre dividido em partidos - hoje mais que nunca - e o jornalista, sempre que se prolonga uma situação indefinida, trata de seduzir este ou aquele partido, alimenta dia após dia a sua inclinação ou a sua repulsa por cada uma das facções, até que chega finalmente o momento em que os factos se decidem. E o acontecimento passa então a ser admirado como se fosse coisa divina."

Goethe





Não,
                                                          eu não sei das notícias populares

E não,
definitivamente,
isso não me afeta

E pouco me importa as variáveis
que de tais acarretam

Nada me dói o desprezo de seus olhares
perante a minha postura 
frente ao que nada posso

Se me julgam alienada
internalizo o personagem
e chafurdo no meu nada 

Se a postura correta é fazer-se de interessada
e emanar ares de indignada
faço pouco de vossa hipocrisia
e abstraio de vossa postura vazia 

Me alieno:
na música
na literatura
na arte
na poesia

E se não sei dos acontecimentos e mortes
anunciadas nos telejornais da noite passada
Durmo tranquila em meu conforto
"emburrecida" e alienada

sábado, 17 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Nada me prende a nada. Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo." — Álvaro de Campos

As situações são facilmente classificadas
até que fazem-se presente
em meio ao nosso enredo

E o que antes atestava-se sem titubear torpeza
hoje não se repreende, 
e nem se cogita denominar fraqueza

E o tempo comprova 
quão perecível são os conceitos
quão relativas são as verdades

...e quão necessária a maleabilidade

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

perco-me em meio aos papéis
que desempenho em minha trama
transito nos entremeios
dessa tragédia posta
dessa verdade insossa
que subsidia o meu drama

quero ser absorvida por esse cinza
para quem sabe sentir-se absolvida
de todos os elementos propulsores
dessa infinita angústia
desse abismo em que me encontro
cavado com minhas próprias mãos

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Dirás em tom grosseiro
Ironias impensadas
Dignas seriam suas palavras
Ao oposto do que eu verdadeiramente almejava proferir



Sinto-me farta de suas interpretações errôneas
Ofendo-me deveras a cada dia frio em sua ausência
É de um pesar insuportável notar que não me entendes
Tu, que podias ter sido o mais notável dos afetos
Dos que perduram pela posteridade, 
Deixando rastros que não se apagam d'alma
Fere-me insistentemente
Com certo prazer que minha sanidade não compreende
Priva-me da própria licença poética
E cobra-me pelo pobre senso estético
Alegando uma baixeza que nunca foi real
E esse enredo ridículo do qual participas
E que sempre participará
Serão as linhas inapagáveis do histórico de sua existência
Mesmo que negue, que fuja, ou que se ofenda
Com os rompantes verbais impensados
Típicos de uma mulher apaixonada
Que por si só,
Nunca será capaz de ausentar a mulher amada

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sublime e Subliminar

O que se espera das tragédias súbitas da existência
são as resoluções instantâneas
Grosseiras e desprovidas do pesar 
que garante o fundamento da glória contemporânea
Resolutos e irrisórios são os nossos dramas
supervalorizado em nossa patética trama
Ostensiva e folhetinesca
que garantiria enredo para novela mexicana

Alain Senez





Mas tu
que tens a beleza certa 
dos que jamais serão tomados
pelas mãos da Senhora Maturidade
há de condenar-me
a uma eterna espera
 pela aparição que nunca acontecerá

E Eu, 
que envelheço n'alma,
com a velocidade intensa
semelhante a certeza dessa ausência
que contínua se perfaz 

Anoiteço todas as manhãs por saber-te longínquo