segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
[pausa para o delírio]
["Cavaria até que meu túnel
Ao seu de repente chegasse,
Teria então minha recompensa –
Deter-me no seu olhar."]
Emily Dickinson
"Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-a!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer cousa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!"
domingo, 22 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010
"A arte de abandonar não é ensinada a ninguém.
E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando.
Serei capaz de abandonar nobremente?
ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa?
como, digamos, o próprio fim do mundo?
ou seja lá o que for, como a minha morte súbita, hipótese que tornaria supérflua a minha desistência?
Eu não quero apostar corrida comigo mesmo. Um fato.”
(Um sopro de vida, Clarice Lispector)
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Derradeira primavera
Põe a mão na minha mão
Só nos resta uma canção
Vamos, volta, o mais é dor
Ouve só uma vez mais
A última vez, a última voz
A voz de um trovador
Fecha os olhos devagar
Vem e chora comigo
O tempo que o amor não nos deu
Toda a infinita espera
O que não foi só teu e meu
Nessa derradeira primavera
Vinicius de Moraes
Eu não me atreveria a contrariar Fernando Pessoa...
"Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!"
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
“Não parece que quanto mais fortes e extenuantes são as vivências interiores de uma pessoa, tanto mais descomprometida ela vive por fora? Não há nada a fazer: temos de viver; e quando te inibes de ser uma pessoa de acção e te recolhes na solidão pacífica, então as vicissitudes da existência assaltam-te por dentro e nelas tens de dar provas, quer sejas um herói ou um tolo.”
Thomas Mann; Tristão e Outros Contos
terça-feira, 17 de agosto de 2010
[sinto uma vontade gritante de poder falar com a alma,
de não precisar fazer sentido,
de não precisar fazer sentido,
fugir dos nexos
das coerências,
das simetrias,
das perfeições corretissímas,
das pretensões dignissímas..
eu não quero o tudo que querem,
quero o nada que nem sabem ser...
eu não sou,
e não faço a mínima questão
[fale-me apenas o que a alma quizer dizer,
e se dizer não estiver entre os quereres:
toque,
gesticule,
empurre,
belisque...
não profane as palavras,
não as use indevidamente,
a não ser por solicitação explicita de uma alma serena ou desesperada,
a não ser que o coração implore,
e que os sentidos ameassem explodir por meio de verborragias.
as almas se comunicam melhor..
[mas todos são providos de alma? todas as almas são comunicáveis?]
das coerências,
das simetrias,
das perfeições corretissímas,
das pretensões dignissímas..
eu não quero o tudo que querem,
quero o nada que nem sabem ser...
eu não sou,
e não faço a mínima questão
[fale-me apenas o que a alma quizer dizer,
e se dizer não estiver entre os quereres:
toque,
gesticule,
empurre,
belisque...
não profane as palavras,
não as use indevidamente,
a não ser por solicitação explicita de uma alma serena ou desesperada,
a não ser que o coração implore,
e que os sentidos ameassem explodir por meio de verborragias.
as almas se comunicam melhor..
[mas todos são providos de alma? todas as almas são comunicáveis?]
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Ah, Coração!
Mantenha-se intacto em meio a tanta aspereza,
e se possível for
não se enrijeça..
Mantenha-se afoito, mas amável
Angustiado, mas tranquilo
Gritando em silêncio o furor da minha alma epilética...
[Mundo, Mundo, vasto Mundo... mas eu não me chamo Raimundo, não me acerto com as rimas, e não procuro solução, mas inquestionavelmente habita em meu peito um vasto coração...]
Mantenha-se intacto em meio a tanta aspereza,
e se possível for
não se enrijeça..
Mantenha-se afoito, mas amável
Angustiado, mas tranquilo
Gritando em silêncio o furor da minha alma epilética...
[Mundo, Mundo, vasto Mundo... mas eu não me chamo Raimundo, não me acerto com as rimas, e não procuro solução, mas inquestionavelmente habita em meu peito um vasto coração...]
sábado, 14 de agosto de 2010
Não
Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar? ...
Álvaro de Campos
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
"Tenho no peito tanto medo, é cedo
Minha mocidade arde, é tarde
Se tens bom-senso ou juízo, eu piso
Se a sensatez você prefere, me fere
Vem aplacar esta loucura ou cura
Faz deste momento terno, eterno
Quando o destino for tristonho, um sonho
Quando a sorte for madrasta, afasta
Não, não é isto que eu sinto, eu minto
Acende esta loucura, sem cura
Me arrebata com um gesto, do resto
Não fale amor não argumente, mente
Seja do peito que me dói, herói
Se o seu olhar você me nega me cega
Deixe que eu aja como louco, que é pouco
No mais horroroso castigo, te sigo"
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Que me seja perdoada a efusividade!
Ligada na tomada,
É assim que estou,
Dando choque,
Eufórica,
[EU-fórica]
Des-esperada Des-esperando Des-esperante
Em completo estado de surto e de insanidade,
Mas absolutamente movida por uma empolgação sem fundamento algum,
Ausente plenamente de motivações concretas e plausíveis,
Mas transbordante...
Internamente transbordante,
Aos gritos e berros que entoam sabe-se lá o que...
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
ACABEI de apagar o meu cigarro,
E abandonei um livro _ tudo, em suma:
Até a velha xícara de barro,
Vazia de meu chá, que já não fuma...
Agora cismo... Espírito bizarro,
Forço o silêncio em que o meu ser se esfuma,
Mas, neste ambiente amolecido e charro,
Vou perdendo as idéias uma a uma...
No entanto, cismo. Embora cada vez
Mais vazio, mais oco (e, assim, talvez
Mais puro e bom...), quero ir até ao fim!
_Inquietações de espírito vadio,
Porque eu sucumbo e sinto o desafio
Da natureza-morta que há em mim!...
Alberto Jerónimo
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
VINICIUS FERNANDES CARDOSO
Herdamos silêncios,
teses e meio-termos,
ciências novíssimas
e artes entediantes.
Havia trabalho, tédio,
infindas melancolias.
Éramos números,
nomes em salas vazias,
monólogos sem apelo.
Escrevíamos maus poemas,
olhávamos pela janela do ônibus
e tudo parecia vão.
Nos sábados
saíamos a revelia,
e voltávamos cansados.
Num canal passava uma
casa cheia de gente,
noutro intelectuais
sensatos.
(E nós estávamos longe
das importâncias e procurávamos
nas ermas paragens
como barco bêbado
os encantos da vida)
.....
Noite. Noite.
Era uma noite rara
de sombras e vapores,
noite fresca e imemorial.
Chovia.
Íamos pela estrada escura,
éramos vento, música e chão.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
WALT WHITMAN
(...) "Eu sei que sou inquieto e deixo os outros assim,
Eu sei que minhas palavras são armas cheias de perigo,
plenas de morte
Pois eu desafio a paz, a segurança, e todas as leis
estabelecidas, para derrubá-las,
Estou mais decidido pois todas têm negado a mim o que eu
poderia Ter sido caso todas tivessem me aceitado,
Eu não estive atento e jamais estaria à qualquer
experiência, precaução ou maioria,
nem ao ridículo,
E a ameaça do que é chamado Inferno é pouco ou nada para
mim,
E o fulgor do que é chamado Paraíso é pouco ou nada para
mim;
Querido camarada! Eu confesso que tenho desejado que você
siga ao meu lado, e ainda desejo, sem
a mínima idéia de qual seja o nosso destino,
Ou se nós seremos vitoriosos, ou completamente derrotados e
vencidos. "
Trad. Leonardo de Magalhaens
Foi quando me vi andando em círculos pela casa devorando vorazmente uma tigela de pudim de chocolate zero açúcar, por entre aqueles velhos objetos conhecidos que a pouco se ausentavam por ele ter levado consigo , que apesar de terem passado tão pouco tempo longe aguçavam a minha visão com um sentimento de novidade, e com certa expectativa para o que há de vir, ou que pode vir a ser após tudo aquilo que já havia sido, mas que concomitantemente meus olhos rejeitavam fitando-os com uma repugnância desmedida, refutando a teoria da afinidade proporcionada pelos laços consangüíneos, ao mesmo tempo em que eu proferia sozinha repetitiva insana e compulsivamente: Abstrai, Querida, Abstrai... Abstrai, Querida, Abstrai... Abstrai, Querida, Abstrai... Abstrai, Querida, Abstrai... Abstrai, Querida, Abstrai... Abstrai, Querida, Abstrai...
terça-feira, 3 de agosto de 2010
[sinto um frio aterrorizante, mas nada que se remeta aos efeitos adoravelmente perversos e petrificantes da estação que se faz reinante no momento.
sinto aquele frio de medo, de quando algo ainda fazia sentido, de quando ainda havia algo a ser feito, de quando ainda queria-se fazer algo
e mesmo sendo o mesmo frio, não trazem os mesmos indicativos
aquele frio de outrora era para demonstrar alguma vivacidade, mesmo aterrorizado, via-se em meio há algo, que apesar de causar medo, almejava-se tão grandemente a ponto de atingir os sentidos objetivos.
hoje sou só um amontoado de subjetividade camuflada em uma série de palavras que costumam dizer o extremo oposto ao que eu gostaria, principalmente pelo fato de que na maioria do tempo eu não gostaria de nada dizer, ou de nada precisar dizer, mas minha condição de indivíduo provido por completo de contradições não me permite o silêncio edificante...
esse/essa corpo/armadura imponente e esses gestos bruscos, deveras grotescos e ofensivos não condizem com que há por dentro, ou com o que suponho faze-se presente sabe-se lá onde considero ser esse imaginário, ou do que ele está composto,
mas o que de fato sinto [se é que é possível sentir de fato] ou pressinto, é uma contradição gritante que tento desfazer em palavras, que de pouco tem sido útil, de pouco tem servido,a contradição entre o que digo e própria entonação do que digo são auto-sabotadoras...]
concedam-me férias do meu corpo, por obséquio!
sinto aquele frio de medo, de quando algo ainda fazia sentido, de quando ainda havia algo a ser feito, de quando ainda queria-se fazer algo
e mesmo sendo o mesmo frio, não trazem os mesmos indicativos
aquele frio de outrora era para demonstrar alguma vivacidade, mesmo aterrorizado, via-se em meio há algo, que apesar de causar medo, almejava-se tão grandemente a ponto de atingir os sentidos objetivos.
hoje sou só um amontoado de subjetividade camuflada em uma série de palavras que costumam dizer o extremo oposto ao que eu gostaria, principalmente pelo fato de que na maioria do tempo eu não gostaria de nada dizer, ou de nada precisar dizer, mas minha condição de indivíduo provido por completo de contradições não me permite o silêncio edificante...
esse/essa corpo/armadura imponente e esses gestos bruscos, deveras grotescos e ofensivos não condizem com que há por dentro, ou com o que suponho faze-se presente sabe-se lá onde considero ser esse imaginário, ou do que ele está composto,
mas o que de fato sinto [se é que é possível sentir de fato] ou pressinto, é uma contradição gritante que tento desfazer em palavras, que de pouco tem sido útil, de pouco tem servido,a contradição entre o que digo e própria entonação do que digo são auto-sabotadoras...]
concedam-me férias do meu corpo, por obséquio!
Não superestimo absolutamente nada nesse momento, tudo me parece fútil e vão... tudo banal, oco e desproposital.
[das estratégias usuais, corriqueiras e triviais de auto-engano]
Minha cabeça está doendo.
[do retorno ao humano]
E não sinto necessidade de fazer com que ela pare,
[do masoquismo ludibriante da realidade]
Ao menos assim tenho um fundamento físico coerente para subsidiar meus reclames
[dos incomodos substitutivos]
Sinto um leve fado da própria subjetividade, minha dramalheira infantilóide e desvairada tem feito minha cabeça doer demasiadamente, imagino que seja com as melhores intenções, possivelmente algo do tipo:
-Fazer com que a cabeça dela doa para que pare de pensar em suas atrocidades...
[Seriam atrocidades?]
Como livrar-se de uma existência considerada medíocre quando não há perspectiva a curto prazo de substituí-la por algo mais apetecedor?
[das desculpas ditas esfarrapadas]
Mas como construir esse suposto algo apetecedor antes de se livrar da existência medíocre?
[dos lapsos de iniciativa]
E se ao livrar-se da existência medíocre não emergir nada apetecedor do que restou?
[dos descaminhos acovardantes da dúvida]
E se nada restar?
[da caótica e amedrontante emersão da desistência]
Eu fujo, procrastino, eternamente... enquanto houver tempo.... ou possibilidades... ou a ausência da mesma....
[das estratégias usuais, corriqueiras e triviais de auto-engano]
Minha cabeça está doendo.
[do retorno ao humano]
E não sinto necessidade de fazer com que ela pare,
[do masoquismo ludibriante da realidade]
Ao menos assim tenho um fundamento físico coerente para subsidiar meus reclames
[dos incomodos substitutivos]
Sinto um leve fado da própria subjetividade, minha dramalheira infantilóide e desvairada tem feito minha cabeça doer demasiadamente, imagino que seja com as melhores intenções, possivelmente algo do tipo:
-Fazer com que a cabeça dela doa para que pare de pensar em suas atrocidades...
[Seriam atrocidades?]
Como livrar-se de uma existência considerada medíocre quando não há perspectiva a curto prazo de substituí-la por algo mais apetecedor?
[das desculpas ditas esfarrapadas]
Mas como construir esse suposto algo apetecedor antes de se livrar da existência medíocre?
[dos lapsos de iniciativa]
E se ao livrar-se da existência medíocre não emergir nada apetecedor do que restou?
[dos descaminhos acovardantes da dúvida]
E se nada restar?
[da caótica e amedrontante emersão da desistência]
Eu fujo, procrastino, eternamente... enquanto houver tempo.... ou possibilidades... ou a ausência da mesma....
P-A-R-A-L-E-L-I-S-M-O
C-R-Ô-N-I-C-O
C-R-Ô-N-I-C-O
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