quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Quer-se falar em ética
Se aposta no padrão
Estabelecido pela estética
 
Busca-se a liberdade
Parametrados por instrumentos
Imprecisos, restritivos e limitados
 
Aclama-se a necessidade de valores
Insatisfeitos com o que somos
Um amontoado de indivíduos
Vistos como disformes
 
 Pelas diferenças que,
Apesar da conotação negativa,
Constituintes da nossa maior dádiva
 Nos fazem

PEQUENO TRATADO COTIDIANO ACERCA DA HUMANIDADE XII


As pessoas vomitam seus valores ao mundo, na tentativa de criar parâmetros universais para o ‘dever ser’ da espécie. Tolos e toscos fazem-se ao vangloriar-se de seus ensinamentos, e principalmente ao tentar doutrinar aqueles que os cercam. Nenhum indivíduo há de ocupar, sob hipótese alguma, o local de perspectiva do outro, a lei da física atesta irrefutavelmente que dois corpos nunca ocuparão o mesmo lugar no espaço, e dessa forma, o mesmo ângulo nunca será visualizado por dois seres no mesmo espaço de tempo, e o tempo transcorrido jamais haverá de ser resgatado.
Dessa forma, a noção advinda da experiência haverá de permanecer individual pela posteridade. Entretanto, por mais óbvio que devesse parecer ao entendimento geral, ainda há os que atribuem à negativa das “receitas de bolo existencial” um ato de arrogância, mau entendimento, e princípio da ignorância.
As cartilhas para padrão de comportamento e de pensamento multiplicam-se indefinidamente. As religiões, e suas instituições correlatas, anunciam-se em todas as direções, e a espécie aclama, contraditoriamente, sob um viés na perspectiva da liberdade de escolha, e sob outro na busca pelos deuses para idolatrar, e nesse paradoxo infindável, os que sabem lidar com flexibilidade, extrema malícia, e absurda imbecilidade, seguem orquestrando um bando interminável de boçais. 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PEQUENO TRATADO COTIDIANO ACERCA DA HUMANIDADE XI


Não fomos programados para efetivamente nos darmos conta da angustiante atrocidade daquilo que somos e praticamos.
Essa nossa habilidade inconfundível, e de artimanhas pessoais incopiáveis, com que criamos e aperfeiçoamos os nossos mecanismos ardilosos de coexistência, em que os maiores ludibriados com a nossa falta de integridade e dignidade expostas inconscientemente nas entrelinhas, e manifestas nos entremeios de nossas atitudes, somos nós mesmos. 
Fabricamos a criatura para engolir as nossas cabeças de criadores.
Aficionados com o idealismo moral, não nos damos conta de que, se a língua é o chicote do corpo, o silêncio de consentimento por conveniência é o chicote da alma.