sexta-feira, 30 de julho de 2010

'(...) vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos (...) Porque excessivamente grave é a Vida...'

quinta-feira, 29 de julho de 2010



"Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões."




Graciliano Ramos

No vácuo de mim eu me despenco...
C.F.A.
E, aquele que não morou nunca em seus próprios abismos nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas, não foi marcado. Não será exposto às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.


Manoel de Barros
"Nunca se pode saber de antemão de que são capazes as pessoas, é preciso esperar, dar tempo ao tempo, o tempo é que manda, o tempo é o parceiro que está a jogar do outro lado da mesa e tem na mão todas as cartas do baralho, a nós compete-nos inventar os encartes com a vida..."

José Saramago
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Ok! Tempo, reconheço vossa supremacia, agora pode, por favor, retirar as mãos do meu pescoço?
“Cuidado com as ilusões, mocinha, profundas e enganosas feito o mar.”

quarta-feira, 28 de julho de 2010

...'Tudo isso descansa no colo dos deuses,'


(Homero, Ilíada, XVII. 514.)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Queixas e dissabores, agravados pela sensibilidade do caráter propenso ao furor comedido, bebi pela mesma taça o fel do infortúnio, preparado em grande parte por minhas próprias mãos




Tudo prosa rasa e grosseira...




[Minha memória dorme com o passado]

''Eu me acerto, eu tropeço
E não passo do chão
(...)
Eu suporto a colisão
Da verdade
Na contra-mão...''

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios."


Caio F. Abreu
Olha, você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei pra mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto mesmo assim

Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui

Olha você vive tão distante
Muito além do que eu posso ter
Eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é pra valer

Olha, vem comigo aonde eu for
Seja meu amante, meu amor
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor

- Olha - Erasmo Carlos e Chico Buarque.
Transbordante em minha Loucura
Persistente na Própria Confusão
Filha do Caos e da Inquietação Paralisante

... ao menos me sinto Provida de Alma!





[não me afobo.... eu me afogo]
Perdi o sono com um gato fazendo barulho de geladeira em meus ouvidos

Hipnotizou-me o impertinente e imparável tic-tac do relógio que me fitava, imponente, de longe...

Tornei-me meu próprio barulho de geladeira!

Se achegue, gato folgado, traga-me a objetividade do seu ronronar.
[Estaria mesmo manuseando os personagens do meu universo paralelo?
Os quero apenas no meu universo paralelo sob meu manuseio?

Me faço pergunta irrespondível... e me afogo nas próprias complexidades]

Do ver-se [ou pensar-se] despertando

Que a minha loucura não me pare
E que o meu medo não me cale

[Que o império das rimas primárias não se firme!]

Que a ânsia de desconstrução se instaure

Sim, essa coisa que...
...ME VENS, ME CHEGA, E ME TOMAS,

vestida de nulidade, doce e afável, ME APETECE!

[durma]

[S-U-P-E-R-E-S-T-I-M-A-R-S-E

S-U-B-E-S-T-I-M-A-R-S-E

O eterno e imparável pendulo!]

Da necessidade de despertar [ou de profundamente adormecer]

Se eu não estivesse com as mãos firmes nas rédeas da Tolice, onde chegaria?
Se soubesse me desapegar das rédeas da Tolice, onde me levaria?

- Vamos, Tolice, esforce-se, detenha-me!



[O que aflige na possibilidade de reger-se pela Tolice?
Em que consiste a repulsa pela mesma?
Por que abdicar do direito inalienável de usufruto?

- Venha, Tolice, se fores doce e afável! ]

Das sementes da Insônia

Estou a transbordar!
Sucumbiria se interrompesse tal processo?
Ou sucumbo por subsidiá-lo?

Dos frutos [verdes] da insônia

Dos que fostes... o que fica?

Dos frutos [podres?] da insônia

O mais recorrente auto-engano: Supor-se no poder do fio condutor da própria consciência. Responsabilidade da qual me privo sem pudor....
Se lhe apetece, Mente, vague!
Como queria, e por onde imaginar ser pertinente!

[O diálogo interior insiste em transcender o espaço em que pode existir com graus de periculosidade nulos, sempre querem sobressair-se, fazer-se presente.

O impulso e o fluxo vital contrariando a minha inércia empurram além...]

Dos frutos da insônia

Vez ou outra, invariavelmente, surge essa gritante necessidade de se esconder.
Necessidade de fuga e de abrigo.
Os paradoxos se afloram e emergem à superfície!
Vistos a olhos nu!

É tempo de esconder-se !

....para achar-se, assimilar o quem tem sido, e dentro disso, o que pode vir a ser.
Tomar conhecimento de que se está existindo...
Assustar-se com isso, retomar as antigas e eternas perplexidades... [por que não?]

Saber-se no mundo e ver o mundo em si, sem se preocupar com a relativizável possibilidade de isso ser bom ou mau...
Sabe-se apenas sendo, [e por alguns instantes isso chega a bastar.]..

É quando se nota a possibilidade de ser, longe de qualquer recurso, descolado dos artifícios, quando a naturalidade de ser simplesmente flui...

Faz-se pleno!

domingo, 25 de julho de 2010

Eis a questão, meu caro Tom Zé...

'Será que algum rapaz de vinte anos
vai telefonar
na hora exata em que ela estiver
com vontade de se suicidar?'
'Meu fingimento é sério
Como aéreo
É sempre todo amor'

sexta-feira, 23 de julho de 2010




'O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera...'

- Escute-me, amigo, a lua está alta no céu. Você não tem medo? O desamparo da natureza. Esse luar, pense bem, esse luar mais branco que o rosto de um morto, tão distante e silencioso, esse luar assistiu aos gritos dos primeiros monstros sobre a terra, velou sobre as águas apaziguadas dos dilúvios e das enchentes, iluminou séculos de noites e apagou-se em seculares madrugadas... Pense, meu amigo, esse luar será o mesmo espectro tranquilo quando não mais existirem as marcas dos netos dos seus bisnetos. Humilhe-se diante dele. Você apareceu um instante e ele é sempre. Não sofre, amigo? Eu... por mim não suporto. Dói-me aqui, no centro do coração, ter que morrer um dia e, milhares de séculos depois, indiferenciado em húmus, sem olhos para o resto da eternidade, eu, EU, sem olhos para o resto da eternidade... e a lua indiferente e triunfante, mãos pálidas estendidas sobre novos homens, novas coisas, outros seres. E eu Morto! Pense amigo, Agora mesmo ela está sobre o cemitério também. O cemitério, lá onde dormem todos os que foram e nunca mais serão. Lá, onde o menor sussurro arrepia um vivo de terror e onde a tranquilidade das estrelas amordaça nossos gritos e estarrece nossos olhos. Lá, onde não se tem lágrimas nem pensamentos que exprimam a profunda miséria de acabar.

Clarice Lispector



Te acalma, minha loucura!
Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!
Este som de serra de afiar facas
não chegará nem perto do teu canteiro de taquicardias...




Ana C.

...'Por que é que você veio me perder?'

quarta-feira, 21 de julho de 2010

“Mas fica
Mas fica, meu amor
Quem sabe um dia
Por descuido ou poesia
Você goste de ficar.”

- Chico Buarque.
“Mas no meio da fuga, você aconteceu.
(...)
Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero.”

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 20 de julho de 2010



“Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”

segunda-feira, 19 de julho de 2010




'Quanto mais te disfarçares, mais te parecerás a ti próprio.'

Pois é, meu caro Saramago...




'Todos os dicionários juntos não contêm nem metade dos termos de que precisaríamos para nos entendermos uns aos outros'
[Ao menos no inverno posso supor que o frio que atormenta a alma não passa de uma condição climática]

sexta-feira, 9 de julho de 2010





'Me apego facilmente ao que desperta meu desejo...'

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Perto de ti dança a minha alma desarmada...




[Vivemos rodeados de silêncio e solidão, pois não há palavras para responder às nossas inquietudes, como não há presença para povoar nosso vazio.]




[O único sentimento presente e certo é a minha própria solidão]



[Sim, é possível se arder de solidão como se arde de amor!]
Ah! Se aqueles lábios tocassem os meus,
...da mesma forma doce macia e aveludada como aquelas palavras adentravam aos meus ouvidos,
Se aquelas mãos me tocassem,
...alvas finas e delicadas, da mesma forma acalentadora que aqueles olhos fitavam com mistério e dúvida
... Algo se faria pleno.



[Mas o discurso é inútil
As palavras são vãs e precarias

...e delas faço a corda que prazerosamente envolvo o meu pescoço... ]