terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As pessoas costumam ter suas atitudes agrupadas em duas categorias quando se trata da dor alheia. Temos aqueles que se assemelham a ‘livros de auto-ajuda ambulantes’, na primeira oportunidade que surge abrem seus sorrisos patéticos e miseravelmente felizes, com uma incurável visão seletiva dos fatos, e em questão de segundos deixamos de avistar a face do ser em questão, e nos deparamos com um Augusto Cury frustrado que na impossibilidade de escrever um livro cheio de atrocidades do tipo: ‘dez dicas para se feliz’, ‘você é insubstituível’, usa sua diarréia verbal para importunar um pobre ser possuidor de problemas corriqueiros e questões existenciais eternas, fazendo com que aquilo que não passava do resultado da condição humana imersa em acontecimentos decepcionantes, se torne motivo para o mais torturante suicídio, ou um violento homicídio, não mais pelo problema em si ou pela dor, mas sim pela ira que tal projeto mal desenvolvido de ser humano pensante nos causa.
Temos também aqueles que quando cruzam o caminho dos que admiram a categoria acima, são chamados com freqüência de chatos e incompreensíveis, eles se limitam a ouvir, só opinam quando existe alguma objetividade no que vão dizer, não tomam postura em relação ao problema alheio, nada de bancar o jesus cristo detentor da salvação, ou personificar o caminho a verdade e a vida, o máximo que fazem é ficar por perto, ou dispor de um abraço para derreter as camadas de orgulho, de raiva e de impaciência, tocando o coração do outro com a peculiaridade das coisas feitas para suavizar a crueza do mundo. Mas poucas vezes são compreendidos, principalmente quando se deparam com aqueles que limitaram a função dos sentidos apenas a ouvir e falar, e não entendem a sutileza e a complexidade dos sinais e do conforto dado pelos outros mesmo por um silencio ensurdecedor.

Um comentário:

Eros disse...

Realmente, poucos sentem o silêncio que compreende. Na sua auto-compaixão, ainda é comum que tomem como indiferença.