segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Clarice Lispector, in Felicidade Clandestina

"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. 
É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa."

Um comentário:

Ogro disse...

Somos donos dos nossos atos, mas não somos donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos. Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos… Atos são pássaros engaiolados; sentimentos são pássaros em vôo.

Mário Quintana

PS: Os meus atos e as minhas atitudes estão engaiolados, mas os meus sentimentos por você criam vôos altos, pássaros que voam tão longe que afeto nenhum consegue faze los pousar um pouco para ao menos me oferecer boa companhia, eu digo boa; por que verdadeira somente a sua.