terça-feira, 25 de outubro de 2011

"A uma hora dessas, por onde andará seu pensamento, terá os pés na pedra ou vento no cabelo?"

Em todos os semblantes
que despersonalizados
por mim cruzam

Em todas as esquinas
insignificantes
e mórbidas
que atravesso

Em todos os bares
pelos quais passo,
repasso e transpasso,
na tragetória diária

***

Em decorrência do inconsciênte
em apelo da memória recente
em função da minha miopia...

Incansavelmente
sua imagem
me persegue

Todos os dias

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Me recuso aos trâmites que permeiam beleza anunciada:

Quero antes
a graça do obscuro
o limiar que separa
aquilo tudo
deste nada

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Clarice Lispector, in Felicidade Clandestina

"Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. 
É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa."

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

                                                                 [Palavras aleatórias invadem bruscamente meus ouvidos
Pessoas aleatórias me sufocam com suas presenças injustificadas
E enquanto a chuva lá fora esforça-se por purificar todo esse circo
                      Eu busco a fórmula para resgatar o substancial]

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

essa vida que me pede urgência

essa mesma que me prende
e indiscriminadamente me sufoca
contraria os meus anseios 
e acentua os meus receios
dessas inverdades de outrora
que ressurge com poucos retoques


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PEITO VAZIO - Cartola


Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto em meu peito um vazio

Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio
Procuro afogar no álcool a tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança
Vou seguir os conselhos de amigos
E garanto que não beberei nunca mais
E com o tempo esta imensa saudade
Que sinto se esvai.

terça-feira, 4 de outubro de 2011


"Cansa-me ser assim quem sou agora:
Planície, morte, treva, transparência.
Cansa-me o amor porque é centelha.
E exige posse e pranto, sal e adeus."



[Hilda Hilst -Obra poética Reunida, Do livro Ode Fragmentária (1961),Heróica, pág 339 ]