terça-feira, 14 de fevereiro de 2012


"Em vão, como vês, me esforcei por não me distrair. Para passar por ti como se passa por um episódio, por um acidente à beira da estrada, por uma ilusão de água num mar sem fim de areia. Eu queria só a solidão da solidão, o silêncio submerso dos dias vazios e sem destino, a consistência da água e a evidência das pedras. Eu queria um mundo sem ti nem ninguém mais, uma vida - tão merecida - feita de egoísmo e de instantes impartilháveis. Mas tu és como a anémona que segue a corrente que passa, és a lapa presa à rocha, o sulco na areia durante a maré vazia que indica o caminho de regresso ao mar, tu és a densidade da água dentro da qual eu me reencontro e me reconstruo."

Miguel Sousa Tavares
Há tanto para ser dito enquanto calamos
E tanto para ser calado enquanto falamos

Tantas palavras vãs proferidas em meio aos silêncios oportunos
E tanto o consentimento e conivência quando se pede um grito 

E tanta impossibilidade de discernimento 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sonda-se os mistérios dos seres
perscruta-se na minúcia de hai-kai 

Assim redigimos nossa prosa eterna