domingo, 28 de março de 2010


"Não sentia mais sua ausência porque eu também era ausência."

quarta-feira, 24 de março de 2010

[Talvez, na maioria do tempo, sejamos todos incoerentes e desinteressantes.
O que proferimos com maior constância costumam ser as mais fúteis atrocidades, meras banalidade, ou então pequenas demonstrações de sandices.
Salva-se sempre pouco daquilo que somos cotidianamente.
Aos nossos, sempre parecemos iguais a tudo que se vê, o apreciado é sempre a estranheza, aquilo que chamamos de outro, aquele que não temos, aquilo que não passamos, e invariavelmente, também somos o peculiar visto pelo outro que não nos tem, representamos raridade apenas aos que nos tem em pequenas doses,
O encantamento só resiste a manifestações homeopáticas do outro...

o fato é que, o outro presente não costuma ter capacidade de manter cativa a atenção por tempo considerável, e foi então que, deparando-me com o outro esporádico, tive mais um daqueles encontros indesejados com minhas diversas, inconstantes e desagradáveis facetas...
são sempre os pequenos rastros deixado pelo outro ausente que possibilita o encontro mais profundo com aquilo que suponho ser...

um desses estranhos ausentes lançou ao mundo: "é fundamental que você esteja onde se encontra"

E eis que me deparo com uma das minhas mais doloridas certezas: não estou onde me encontro!

e muito provavelmente, nunca estarei]

quarta-feira, 17 de março de 2010





Colabore com a falsificação desse fim
Vá com sutileza

[Mesmo eu não te querendo mais aqui]

Sinta-se expulsado pelos meus anseios
Mas com um tapete vermelho de onde estou até a porta de saída

[Mesmo eu não te querendo mais aqui]

Não leve suas coisas
E nem devolva as minhas

[Apareça de vez em quando.]

Quero aquela sensação de que poderá chegar a qualquer momento,

[Mesmo eu não te querendo mais aqui]

Não quero me afundar nesse vão deixado pelas partidas

sábado, 13 de março de 2010

De súbito, o vento frio invadiu todo o ambiente pela janela propositalmente aberta.

[aquela mesma janela que tanto lamentava não a colocar frente a um mundo que girasse mais rápido e mais intensamente,
Ou que lhe permitisse saltar e cair indefinidamente]

O som vinha triste cortante
“L’hymne a L’amour”
Tamanha incoerência entre o ouvir e o sentir


sexta-feira, 12 de março de 2010

Saudações, querida amiga!
Dirigir-me a ti já proporciona certo conforto incomparável.

Como pode perceber, até as manifestações mais frias, providas de teor genuíno, tem me causado comoções. Como era de se esperar, minha inteligência emocional foi deglutida, estou irreparavelmente exposta nas minhas fraquezas.
Contudo, deves imaginar que nem tamanha desolação seria capaz de diluir meu infindável ego, apesar das suas constantes manifestações com conotações poeticamente autodestrutivas, tenho sido capaz de manter sua sutil altivez, mesmo ficando sempre evidente o sentido de proteção.

Essa é uma daquelas horas em que me sinto a reencarnação de Augusto dos Anjos, nada poderia me expressar melhor do que as suas máximas, e nesse momento, posso dizer com a sinceridade mais dolorida que sou “a mais hedionda generalização do desconforto”.

Sabe aquela sensação de quando estamos com alguma peça de roupa furada em localidades estratégicas, ou quando nos sujamos ou molhamos em ocasiões inconvenientes, e há apenas duas possibilidades de olhares a serem voltados a nós, expressando ou aquela satisfação cômica que só a tragédia alheia pode despertar, ou aquela piedade altruísta que só desgraça manifesta inspira? Pois bem, são as duas facetas da minha degeneração emocional. Preciso identificar onde está a minha mancha, qual marca tem voltado olhos tão depreciativos para minha direção.

Andei ouvindo Oswaldo Montenegro para poder lembrar-se de ti, de nós, e de tudo o que compunha o nosso interminável vazio existencial, mas preciso confessar que não tenho mais estomago para Engenheiros do Hawaii, e Caio Fernando Abreu ainda me apetece!

Foi tão incrivelmente perfeita a fusão de todas as nossas erroneidades, éramos uma junção catastroficamente perfeita, com potencial infindo para o próprio extermínio, nem a sensatez que fazia parte constituinte de mim, e que supomos por muito tempo estar estocado o suficiente para ambas, era capaz de limitar nossos pensamentos ingênuos, mas absolutamente maquiavélico. Nossa contrariedade se desdobrava em todos os departamentos, podíamos ter sido ótimas caso tivéssemos insistido nas nossas excentricidades, ou poderíamos ter chegado ao tão almejado ‘não ser’.

Hoje somos aquilo que pensávamos ser impossível, separadamente, somos sós, eu poderia dizer “estamos” ao invés de “somos”, poderia dar um sentido mais esperançoso, poderia ser o eufemismo da nossa descontinuidade, mas a irreversibilidade é fatídica, somos agora uma sem a outra, o que pensávamos ser improvável, hoje faz-se fato, irrefutável, e ninguém mais vai entender quando eu disser que quero cortar meus pulsos, ninguém vai entender quando for necessário sentar na praça para contemplar a indigência, sem nenhuma comoção.

Não é mais preciso camuflar o cheiro do cigarro com artifícios claramente ineficientes, não é mais preciso as inúmeras super faturas, as intermináveis e aprisionantes mentiras que terceiros exigiam de nós, justo agora que já não somos, ou que ainda somos, mas sem estarmos, justo agora, é lamentável já não sermos!
Eu e as horas: arrastamo-nos pelo dia.

Eu: tentando não sucumbir.
Ela: inserindo agulhas em cada um dos meus poros.

Ela: passa.
Eu: fico.

Eu: temporal.
Ela: contínua.

Ambas: a face do tédio.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Em meio aos humanóides, nada mais sensato do que tornar-se também um humanóide, certo?

[Errado!]


Em termos, com algumas (muitas) ressalvas, é possível cogitar essa possibilidade, contudo, quando se coloca a prova esta capacidade é que se observa com melhor precisão até que ponto foi possível contaminar-se, ou então purificar-se, considerando o quão relativo é o juízo de valor acerca dos humanóides.
Pensa-se com muita freqüência ter sido real a metamorfose que tornam as relações sociais praticáveis, na pasta cotidiana, naquela série de momentos que se diferem uns dos outros com muita sutileza, facilmente acredita-se terem se tornado borboletas da sociabilidade: asas coloridas, vôos leves, nenhuma manifestação de rispidez possível de se fazer nota, contudo, é em meio aos percalços que nos vemos totalmente lagartas sociopatas que se pisadas emanam a mais fétida, gosmenta e repugnante das substâncias.
Reinante inquietude mal aproveitada!

Tu que podias ser pressuposto de inovações variáveis e infindáveis, sufoca-se na imobilidade proporcionada gratuitamente pelo medo inconsciente, mas não menos imobilizante ,do ridículo, este que, de certo, sofredor da mesma inquietude, não a abafa com a mesma inibição, mas a manifesta das mais variadas formas, desprovido de todo e qualquer pudor, temor, ou valores que poderiam vir a afligi-lo, principalmente por ser causador das mais variadas exposições constrangedoras e indesejadas.

O ridículo não se deixa estagnar, seu dinamismo é certo e constante, e absolutamente indolente e negligente para com aqueles que se deixam orientar pelos seus preceitos, afinal, em situações de catástrofe anunciada em decorrência da irresponsabilidade no uso dos frutos do ridículo, este se ausenta abruptamente, deixando apenas suas marcas, que por serem desprovidas de objetividade, não possui impressões digitais, depositando a responsabilidade sobre aquele que se fez senhor de sua ação.

Ambos tolos, os imóveis, que não usufruem das potencialidades, e os que exacerbam na expansão do campo das possibilidades, fazendo desta, palco para a própria derrocada.
Não se tratava exatamente de tédio, eram outros sentires predominantes que compunham todo o interior daquilo que era possível ser denominado: caos.
Evidentemente travestido de inércia simplória.
Contudo a embalagem de tal produto possuía a coloração semelhante a do tédio, não chegando a ser um disparate tal equivoco de nomenclatura, afinal, algumas pessoas possuem a particularidade desprezível de ser capaz de articular qualquer situação ao tédio, paradoxalmente em alguns casos, até o contentamento costuma-se sentar a beira do vasto mar de tédio para banhar ao menos os pés.

O tédio era uma constante, variando apenas na intensidade, que predominantemente fazia-se considerável quase integralmente. Sendo assim, claramente o tédio também estava atuando, mas como coadjuvante, num teatro de gritos, ele era mudo

[em um momento de descuido, deixou que costurassem sua boca, entre tantos personagens buscando fazer-se protagonista, justo o tédio, que aparentemente era o mais safo, cometeu o desleixo de cochilar por alguns minutos, dando a brecha necessária para a sabotagem que determinaria o transcorrer trágico do enredo]

terça-feira, 9 de março de 2010

Desencanto
Desconcerto
Desacerto


PROCURA-SE:

Desentupidor de Fossa Subjetiva

terça-feira, 2 de março de 2010

[Não se acanhe, Melancolia, pode se achegar com a intimidade de antes, relaxe esses ombros, esse encolhimento de insegurança não faz nenhum sentido.
Tudo bem que da última vez que partiu foi por um pedido desesperado, suplicante e quase convincente na entonação que simulava convicção e segurança. Mastigada e cuspida fostes respirar outros ares. Talvez imagine que chameia-a para maiores injurias e reafirmação das velhas ofensas.
Mas não, não querida, quero sua palidez silenciosa novamente a me rondar, aconchegue em seu leito a mais triste das criaturas que aqui voz implora abrigo e afeto gélido.]
Derrocada do forjado autocontrole
Inquestionável predominância e permanência do caos
O império indestrutível da desordem

DESALINHO
DESALENTO

DESAFETO
DESMEDIDO DESDÉM
DEMONSTRAÇÕES DE DESINTERESSE

DENSO

Saudosismo

DESMEDIDO?
DESCONTROLADO?


DISSOLVIDO!
DISSECADO!


Façam-me:

FÚTIL
VOLÚVEL
VULNERÁVEL

Desagradabilíssima cotidianidade

Desagradável
Degradante
Massacrante


[Série ininterrupta de socos no estômago de um ego já não muito resistente]

Desconforto decorrente do excesso de si mesmo
Esmiuçar as próprias idéias confabulando consigo mesmo

MANIAS
( próprias )

SANDICES
( pessoais )

TRANSTORNOS
( reconhecidamente marcados pelas digitais das mãos penduradas nos braços fixados ao seu corpo)

Tudo isso estando ciente da incapacidade e ineficiência do mandar-se tomar no cu
DÉBEIS LAMÚRIAS
[Sucumbindo ao primeiro mês de trabalho]
Deparando-se com a mais profunda mediocridade de espírito
Enforcando-se com os laços de veludo da imaturidade

A OLHOS VISTO
INDEFINIDAMENTE
EU DEFINHO

segunda-feira, 1 de março de 2010


"Eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro.Mas eu preciso muito muito de você."
Caio Fernando Abreu