quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


Recuso-me a fazer cena!
Privo-lhe das chantagens emocionais banais e despropositais.
Preservo nossas últimas virtudes, já tão pequenas e gasta pela sua insistência na minha transformação em algo tão ridiculamente incomodativo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Oh! Santa Sensatez!
Incansável na sua missão de tentar nortear tamanho amontoado de incoerências
Continuai abrandando os resultados dessa tragédia nonsense
E poupai-nos dessa dramalheira inspirada pelo patético existir

[Se o mundo girasse mais rápido ao menos pelas imagens da minha janela...]

à uma estranha implicante

Linda Menina, a salvação nunca está exatamente onde imaginamos, muitas vezes estamos caminhando para o abismo sem nem ao menos notarmos, imaginamos uma suposta luz e a seguimos, inconsciente e inconsequentemente afundamos dentro de nós.


Perder-se pode até ser caminho, mas para onde nos leva?


"Conhecer-te a si mesmo", eis o conselho considerado mais sensato, mas a vida, essa incognita possuidora de assustadores requintes de crueldade, essa não se limita a acontecer "dentro", e quando nos voltamos muito para nós mesmos, enlouquecemos, da pior loucura, a irreverssível...


Para mim o "perder" também nunca será fácil, principalmente quando se trata deste...
Tenho o costume, quase suicida, de guardar lembranças das pessoas que passam pela minha vida. Ano passado, exatamente nessa data, recebi um email que acalentou meu coração, lembro exatamente do que senti, o que pensei, lembro do meu sorriso, da mania que eu tinha de apoiar o rosto no braço esquerdo e olhar insistentemente para lugar nenhum, bancando a reflexiva , quando na verdade apenas patinava sobre fatos e elementos triviais, coisas tão pequenas que hoje me doem tanto, não pelo significado, mas pelo tempo que me custou... De tudo isso que se passa sempre costuma restar apenas e uma dor branda, silenciosa e temporária.


Quando não fazer sentido ultrapassa o próprio entendimento de si,
Eis o sinal de alerta final
Tantas efemeridades fadadas ao desmonte
E a dissimulação impera com invejável maestria


"Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar,
deixa o barco correr,
deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira que você me quer"

Chico Buarque

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

não abdico do meu direito de achar uma merda..

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

nada aleatório

Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida.

[Oscar Wilde]
Vença-me.
Seduza-me.
Fique comigo.

Ah, faça-me sofrer!

[James Joyce]

domingo, 20 de dezembro de 2009

A decadência me atrai mais.
Oscar Wilde
“O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.”
Charles Bukowski

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Qual o problema das coisas serem efêmeras?
Se a própria existência tem como fundamento tal característica, que desejo insensato é esse das pessoas almejarem o eterno?

domingo, 13 de dezembro de 2009

De fato, eu não poderia deixar de concordar com a atrocidade cogitada por essa Coisa Pensante que há dentro de mim, realmente, é inegável, o convívio social nem chega a ser algo que exige tanto de nós.
Ok! Coisa Rebatedora das Questões Postas Pela Coisa Pensante, não estou entrando em contradição com meus, digamos, princípios anti-sociais, ou até mesmo essência anti-social, ou então cogitando a possibilidade de fazer-me também um néscio, definitivamente, não é disso que se trata!
Creio que o que a Coisa Pensante estava a supor sobre tal convívio refere-se ao grau de exigência dos interlocutores comuns, aqueles que costumam ser inconvenientemente postos por artimanhas malignas das idéias mirabolantes tramadas pelo Senhor Destino, juntamente com os pitacos maquiavélicos do mentecapto infante do Senhor Acaso, trata-se daqueles seres que adentram no convívio social por meios que ultrapassam a possibilidade de filtragem de qualquer seletividade, e que apenas atitudes efetivas e inquestionavelmente psicóticas os afastariam, são aquelas pessoas que costumam compor os “pacotes sociais”, ou seja, normalmente dentre os mesmos sempre há um que você verdadeiramente (e ingenuamente) resolveu conviver, mas que trazem consigo toda uma série de seres não tão agradáveis quanto você supunha. Tais pessoas costumam ser caracterizadas como: “amigos dos amigos”, “família dos amigos”, “família do respectivo cônjuge, ou aspirante ao cargo”, “colegas de trabalho”, “colegas de classe”, e mais uma quantidade incontável deles, são aquelas pessoas de teor utilitário indispensável, mas de atributos qualitativos a beira da inexistência.
Apesar de provocarem invariavelmente certa náusea, ou apenas aquele tédio com capacidade inconfundível de transformar minutos em horas, ou então de causarem com uma constância incomparável a tal a “vergonha alheia”, tais pessoas não são de todo inconvivíveis.
Sim, elas exigem que se use absolutamente toda a carga da bateria concedida pelo aparelho regulador das virtudes não concedidas e moderadas naturalmente, tanto que se faz necessário deixar o modo “paciência” em freqüência mais alta que o modo “tolerância”, “simpatia”, “cordialidade”, é imprescindível que se deixe o aparelho na tomada durante toda a noite para não se correr risco de ficar sem carga.
Contudo, tais seres não costumam ter um grau de exigência de convivência provido de muito requinte, em pouco tempo é possível perceber exatamente aquilo que esperam de nós, afinal, não se pode desprezar o fato de podermos dizer que não são todos iguais, até que são variáveis as categorias, há os que querem ouvir, os que querem ser ouvidos, os que apenas querem que estejamos próximos, os que nos usam de bengala, os que pensam ser a nossa bengala, mas não chega a ser um trabalho árduo detectar com precisão em que categoria se enquadram.
De modo geral, para garantia inquestionável que uma vida social saudável e desprovida de conflitos perturbadores e desnecessários, basta apenas selecionar algumas expressões faciais, preferencialmente algo do tipo “Monalisa” que não demonstre grandes efusividades, ter decorado meia dúzia de comentário, opiniões, conselhos, criticas, e chavões que via de regra não denota nenhum sentido que propulsiona o horror alheio. Comprovadamente, decorar as tais “frases feitas” de Augusto Cury a Pedro Bial, ainda lhe garante o troféu de Bom Moço com Aspirações Intelectuais!
Nada que uma pequena quantidade de experiências práticas testando os métodos que vierem em mente não lhe garanta elogios e bons adjetivos acompanhados de seu nome!

sábado, 12 de dezembro de 2009

E eu que pensava ter me afastado definitivamente desse sujeito impertinente,
já nem buscava imaginar por que campos jazia,
acreditando-o totalmente decomposto,
eis que em uma noite de tédio
ausência absoluta de sono
presença plena dos efeitos massacrantes da monotonia
ressurge o tal!
risinho meia boca
[tentando esconder a gargalhada que causou meu olhar de espanto]


- Saudações, Bom e Velho Pieguismo! Já que insiste em ficar, venha cá, puxa uma cadeira e conte-me os ventos que o trazem!



"E a paixão é loucura que passa,
como um terremoto
com o tempo acalma.
Mas onde você esta?
Onde você esta?"
Barão Vermelho

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Daquilo que me causas...


"Já não sei dizer se ainda sei sentir.
O meu coração já não me pertence.
Já não quer mais me obedecer.
Parece agora estar tão cansado quanto eu.
Até pensei que era mais por não saber,
que ainda sou capaz de acreditar.
Me sinto tão só.
E dizem que a solidão até que me cai bem.

Às vezes faço planos.
Às vezes quero ir.
Para algum país distante e voltar a ser feliz.
Já não sei dizer o que aconteceu.
Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu.
Se meu desejo então já se realizou.
O que fazer depois, pra onde é que eu vou ?
Eu vi você voltar pra mim.
Eu vi você voltar pra mim.
Eu vi você voltar pra mim."

Legião Urbana
"Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão demodé."

Legião Urbana

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


Aqui a sensação não era a mesma, apesar de se tratar de um espaço em branco sendo preenchido por letras, tentando transmitir qualquer coisa que fosse, não era a mesma coisa, e não se devia ao fato de efetivamente não se tratar da mesma coisa, era algo que ultrapassava esse não ser uma folha de papel e uma caneta. O sentir provocado por bater os dedos e ver as palavras surgirem não conseguia adquirir a mesma autenticidade, não havia a mesma marca de angústia que se pode perceber através dos traços feitos pelas próprias mãos, aquela marca singular que a letra de cada um imprime às mensagens, as impressões digitais presentes, de fato, a materialização do sentir. Aqui não era o mesmo, aqui soava falso, artificial, corriqueiro, aqui, antes de ser lido, o que todos faziam parecia igual, visto à distância. Aqui, a primeira vista, todo mundo não passava de farinha do mesmo saco. E tenho dito!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Dos primórdios da idealização...


...de quando idealizar era uma experiência lúdica
do acreditar na plenitude das possibilidades...
do ser tudo...
...poder ser tudo
querer ser tudo






[e deixar tudo esvair-se]
quando, daqui a umas horas, a manhã vier branca e fria, saberei eu andar?
lembrar-me-ei como se põe um pé à frente do outro? sem cair...

Al Berto, in O Medo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Maníacos da procriação, bípedes de rostos desvalorizados, perdemos todo atrativo uns para os outros, e somente sobre uma terra semideserta, povoada no máximo de alguns milhares de habitantes, nossas fisionomias poderiam reencontrar seu antigo prestígio. A multiplicação de nossos semelhantes beira a imundície; o dever de amá-los beira o absurdo
Emil Cioran, História e Utopia


"Quando olhou para o espelho,
os olhos, do outro lado,
disseram-lhe coisas estranhas.
Por exemplo:
pode-se vomitar tudo
menos o medo e a solidão."

Dennis McShade
Oh, abre os vidros de loção,
E abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sofredora (Augusto dos Anjos)


Cobre-lhe a fria palidez do rosto
O sendal da tristeza que a desola;
Chora – o orvalho do pranto lhe perola
As faces maceradas de desgosto.

Quando o rosário de seu pranto rola,
Das brancas rosas do seu triste rosto
Que rolam murchas como um sol já posto
Um perfume de lágrimas se evola.

Tenta às vezes, porém, nervosa e louca
Esquecer por momento a mágoa intensa
Arrancando um sorriso à flor da boca.

Mas volta logo um negro desconforto,
Bela na Dor, sublime na Descrença.
Como Jesus a soluçar no Horto!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"... e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída..." Caio F.
Seu senso estético não permitiria.
Tudo aquilo era desagradabilíssimo aos seus olhos. Ela não poderia compactuar com tamanha trivialidade!
Tudo que os outros almejavam como “tipo ideal” soava deveras mal aos seus ouvidos, era como se todo aquele arsenal historicamente preparada por seus amáveis ancestrais não lhe coubesse, o tamanho era sempre grande, ela sempre terminava perdida dentro daquelas vestes, seu ser possuía deformidades que impedia sua locomoção dentro daqueles moldes.
Contudo, fora sempre movida por certa covardia travestida de uma infinidade de sentidos controversos que sempre bloquearam aquelas indelicadas palavras que seus semelhantes lhe inspiravam, mas internamente, dentro de si, ela sempre esteve aos berros desejando que todos se danassem!
Era uma espécie de insanidade camuflada de conformidade. Para si, ela se sabia louca, totalmente desvairada, mas para com os outros havia produzido um auto-controle incontrolavelmente imbatível. Nada, nem ela própria, seria capaz de soltar aquelas amarras que impedia que os matassem, mas, por dentro, o extermínio de cada um deles já estava planejado, em determinados momentos cogitava até a possibilidade de acreditar nos maus fluidos, na possibilidade de se jogar pragas, encosto, e toda uma série de coisas pertinentes, mas inatingíveis no seu ceticismo.
Que faltava alguma coisa ela não tinha dúvida.
Sabia também que não se tratava de nada semelhante àquela falta eterna daquela coisa que provavelmente se concretizaria apenas com a morte.
Talvez fosse algum elemento sutil, mas que impossibilitava que se chegasse ao êxito sem a presença dele.

[O bom de ser realista, ou de se supor realista, é a possibilidade de poder livrar-se de grande parte dos clichês (e criar mais um série deles) que podam nossa evolução e justificam a mediocridade com artifícios ou elementos subjetivos que objetivam apenas aquele contentamento conformista, uma verdadeira hipnose para convencê-lo de que não tem dentes visando à aceitação da santa sopa de cada dia.
O fato é que, tendo sido justificado o meu não apego a tais preceitos, a fluência verbal desvincula-se de tais amarras, que mesmo sabendo de sua inconveniência e impertinência, é insistente em levar seu trabalho para todos os departamentos existentes.]

Esta parte ínfima, mas elementar, que imaginava faltar, provavelmente devia estar na ausência dos elementos complementares de compõem esse mundo sujo, ou talvez não sujo o suficiente, afinal, dentro já existia a ânsia, o potencial criativo era inegavelmente real, o que matavam eram as meias ausências, as semi-presenças, quase incompletudes.
Onde estavam os bruscos fins?
As ausências avassaladoras...
E o que fizeram das presenças transbordantes?
Para onde foram as pessoas que exacerbam?
Onde estariam aqueles que preenchem todo o espaço dos olhos,
dos ouvidos,
os que exalam tudo que há de mais singular,
ou até mesmo aqueles que impressionam com o próprio exagero da imbecilidade?
As pessoas estavam/eram opacas demais,
foscas demais,
amenas demais,
mas era um demais que se fazia “demenos”,
um exagero de falta seguido de um exagero de elementos ocos,
um vazio composto por tudo que há de mais nauseante.
Eles eram tão cheios, absorviam tudo que os cercavam de maneira poluente, não filtrada, não selecionada.
Ah! A santa seletividade!
Totalmente mal distribuída entre os seres que habitam a esfera terrestre!
[Há pessoas que necessitam do tal "dialogo de almas", mesmo sem saber exatamente o que ele significa, considerando que as denominações para tal podem ser variáveis. Mesmo sem definições, é possível indetificá-lo quando ocorre, e principalmente quando não ocorre. ]

De quando me tornei massa amorfa

Tudo é irrelevante,
falar,
concordar,
se expor,
omitir-se...
o mais sensato é escolher o menos dolorido,
o menos conflitante,
aquilo que seja capaz de fazer com que você continue invisível,
imperseptível.
Não há grandes causas capazes de valer o esforço,
aliás,
não há causa nenhuma com essa capacidade.
A irreverência é uma farsa,
um problema adquirido sem nenhum benefício,
se algo provoca os seus sentidos,
dane-se,
manifestar-se de forma autêntica e sincera apenas lhe concede danos futuros,
na maioria das vezes irreversíveis.
O nó na garganta é passivel de ser engolido,
é apenas uma questão de prática,
deixar que ele se liberte,
se desate,
imobiliza partes ainda mais essenciais,
o nó apenas se estende para impossibilitar todos os outros movimentos