sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Acrilic on canvas



- É saudade então.





E mais uma vez

De você fiz o desenho mais perfeito que se fez:

Os traços copiei do que não aconteceu.

As cores que escolhi, entre as tintas que inventei,

Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos

De um dia sermos três.

Trabalhei você em luz e sombra





Era sempre:

- Não foi por mal. Eu juro que nunca

Quis deixar você tão triste.

Sempre as mesmas desculpas

E desculpas nem sempre são sinceras -

Quase nunca são





Preparei a minha tela

Com pedaços de lençóis

Que não chegamos a sujar.

A armação fiz com madeira

Da janela do seu quarto.

Do portão da sua casa

Fiz paleta e cavalete

E com as lágrimas que não brincaram com você

Destilei óleo de linhaça

E da sua cama arranquei pedaços

Que talhei em estiletes

De tamanhos diferentes

E fiz então

Pincéis com seus cabelos.

Fiz carvão do batom que roubei de você

E com ele marquei dois pontos de fuga

E rabisquei meu horizonte.





Era sempre:

- Não foi por mal. Eu juro que não foi por mal.

Eu não queria machucar você: prometo que isso nunca vai

Acontecer mais uma vez.

E era sempre, sempre o mesmo novamente -

A mesma traição.





Às vezes é difícil esquecer:

- Sinto muito, ela não mora mais aqui.

Mas então porque eu finjo que acredito no que invento ?

Nada disso aconteceu assim - não foi desse jeito.

Ninguém sofreu: é só você que provoca essa saudade vazia

Tentando pintar essas flores com o nome

De "amor-perfeito" e "não-te-esqueças-de-mim".

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O que nos move na vida quando a vida não nos move?